Cultivado desde tempos remotos na ilha da Madeira, a cultura do maracujazeiro revela-se uma opção forte e interessante para a rentabilização dos terrenos rústicos da ilha. Com efeito, é grande a procura de maracujás, quer seja para consumo em fresco, quer seja para consumo da polpa em bebidas, doces e licores, entre outros.
Com uma procura maior do que a oferta, o preço de venda para o agricultor compensa o investimento e os custos de produção inerentes à cultura e ao produto. Sendo uma cultura relativamente pouco exigente em mão-de-obra, permite a sua compatibilização com outras atividades, permitindo assim aumentar o rendimento familiar, muito importante nos dias que correm.
Apresentamos, em seguida, alguma dicas importantes para o sucesso desta cultura, de modo que potenciais os interessados possam conduzi-la com sucesso e por períodos mais prolongados:
– Local de plantação – até aos 600 metros de altitude na costa Sul e até aos 400 metros na costa Norte.
Uma das grandes vantagens desta cultura é o facto de permitir rentabilizar solos que não apresentam aptidão para outro tipo de culturas, nomeadamente terrenos com elevadas inclinações e irregulares. Sendo uma cultura trepadeira, desde que seja instalada uma estrutura de suporte – uma latada, geralmente – permitirá rentabilizar este tipo de prédio rústico. Outras estruturas, como muros de suporte de terras, tanques de armazenamento de água, armazéns ou árvores de fruto mortas, também poderão ser rentabilizadas com êxito para a cultura, inclusive com efeitos benéficos para a paisagem.
– Plantas – devem ser obtidas plantas de viveiros certificados, em bom estado sanitário e isentas de doenças e pragas.
– Solo – o pH ideal do solo é entre os 5,5 e os 6,5. Por isso, deverá ser requerida com alguma antecedência a análise de solo e, se necessário, proceder à aplicação de corretivo de solo. Igualmente, poderá ser necessário aplicar matéria orgânica, nomeadamente estrume animal bem curtido ou adquirir produtos comerciais ricos em matéria orgânica.
– Prevenção de ataques de fungos de solo – um dos principais motivos para a curta vida útil das plantações de maracujazeiros na ilha da Madeira são os ataques de fungos de solo, nomeadamente a doença conhecida como podridão radicular, causada pelo Fusarium sp. Não havendo cura, a melhor opção é a realização de tratamentos preventivos na fase de viveiro, na plantação e durante o ciclo vegetativo da cultura. Também muito importante na prevenção de doenças provocadas por fungos de solo é evitar a ocorrência de feridas provocadas por ferramentas cortantes no colo das plantas e nas raízes.
– Proteção contra o vento – outro grande inimigo da cultura do maracujá é o vento. Os fortes ventos que se fazem sentir repetidamente ao longo do ano são, a par das doenças fúngicas, a principal causa para a morte de muitas plantas e para o abandono de muitas plantações, devido aos danos significativos nas plantações e consequente desânimo por parte dos agricultores. Por isso, de modo a minimizar estes danos, é fundamental a instalação de corta-ventos naturais ou artificiais.
– Operações culturais – como qualquer outra cultura, o sucesso de uma plantação de maracujazeiros implica a realização de operações culturais diversas ao longo do ano. A realização de adubações, tratamentos fitossanitários, podas, etc., são relativamente simples, mas necessárias e, sobretudo, devem ser realizadas em tempo útil e oportuno.
Em jeito de resumo, e prestando atenção aos aspetos atrás referenciados, a opção pelo cultivo do maracujá poderá ser uma excelente opção para quem pretende rentabilizar terrenos em zonas com aptidão climática para esta interessante cultura, pois clientes para este delicioso fruto não faltam.
Artigo publicado originalmente em DICAs.