Os incêndios florestais em Portugal não são como uma fatalidade, mas como uma “tragédia anunciada”, resultado de problemas estruturais profundos.
Causas Principais:
• Despovoamento do Interior: O êxodo rural levou ao abandono de terras, permitindo o crescimento de vegetação que serve de combustível.
• Monocultura de Espécies Florestais: A predominância de espécies altamente inflamáveis cria paisagens homogéneas que queimam com violência extrema.
• Fragmentação da Propriedade (Minifúndio): A existência de milhares de pequenos proprietários impossibilita uma gestão florestal coerente e eficaz.
• Declínio de Práticas Tradicionais: O abandono da pastorícia (que funcionava como controlo natural da vegetação) e da gestão comunitária das terras contribuiu para o acumular de combustível.
• Descoordenação no Combate: Falhas na coordenação entre as várias entidades de combate enfraquecem a resposta de emergência.
Soluções Propostas:
A solução, defendida pela CNJ, requer uma mudança de paradigma, com políticas públicas focadas na prevenção ao longo de todo o ano:
1. Agregação de Terras: Criação de “bancos de terras” para gerir grandes áreas de forma coletiva e implementar planos de prevenção em escala.
2. Revitalização do Mundo Rural: Promover o repovoamento do interior e valorizar a economia local.
3. Gestão Florestal Sustentável: Diversificar a floresta com espécies autóctones e criar paisagens em mosaico.
4. Valorização de Práticas Ancestrais: Apoiar a pastorícia como ferramenta ecológica de prevenção.
5. Coordenação Eficaz dos Meios de Combate. Aposta na Prevenção de Base Local: Reforço de sistemas como os condomínios de aldeia, que privilegiem a segurança ativa e passiva das populações rurais.
A CNJ – Confederação Nacional dos Jovens Agricultores e do Desenvolvimento Rural defende que é essencial repovoar e gerir ativamente o território, reconhecendo que uma “floresta viva” precisa de pessoas e que as pessoas precisam de uma floresta economicamente sustentável para quebrar o ciclo anual de incêndios.
Fonte: CNJ