Investigadores do Agriculture and Agri-Food Canada estão a criar pesticidas baseados em nanotecnologia capazes de eliminar pragas agrícolas específicas sem prejudicar outros organismos nem o ambiente, abrindo caminho a uma nova geração de tratamentos agrícolas mais sustentáveis.
Uma equipa de cientistas do Agriculture and Agri-Food Canada está a desenvolver pesticidas de nova geração que recorrem à nanotecnologia e à biologia molecular para combater pragas agrícolas de forma altamente seletiva. O objetivo é eliminar apenas os insetos nocivos, sem afetar outras espécies, como abelhas, nem contaminar o ambiente.
“Atualmente, os pesticidas são de amplo espectro e acabam por atingir outras formas de vida, sejam plantas, insetos ou fungos”, explicou Justin Pahara, investigador principal do Nano Lab da instituição. Segundo o cientista, a nanotecnologia poderá “resolver facilmente” as limitações dos métodos químicos tradicionais.
A investigação, que começou com testes em percevejos lygus e lagartas cutworms, aposta em técnicas que atuam ao nível do ADN dos insetos. Através do uso de moléculas de RNA, os investigadores conseguem atingir alvos genéticos específicos, provocando uma resposta celular semelhante à imunológica que neutraliza apenas o organismo visado.
“Estamos a direcionar marcadores genómicos — ou impressões digitais de ácidos nucleicos — específicas de cada inseto”, explicou Pahara. Este método permitirá criar tratamentos “altamente técnicos”, mas ajustáveis, uma vez que podem ser reprogramados se o genoma do inseto sofrer alterações, ao contrário dos pesticidas convencionais.
O projeto conta com a colaboração de estudantes das universidades de Lethbridge, Calgary e Alberta e recorreu ao Canadian Synchrotron, em Saskatoon, para obter imagens tridimensionais detalhadas da interação entre as nanopartículas e os insetos.
Segundo os investigadores, esta abordagem poderá reduzir a dependência de produtos químicos regulamentados, minimizar resíduos nos alimentos e dificultar o desenvolvimento de resistência por parte das pragas.
“Precisamos de novos tratamentos agrícolas — e precisamos que sejam menos tóxicos”, sublinhou Justin Pahara. O cientista acredita que, se a tecnologia se provar segura e eficaz, poderá representar um marco importante rumo a uma agricultura mais sustentável e responsável.
Após os testes laboratoriais, os novos pesticidas seguirão para ensaios em estufa e, posteriormente, em campo, incluindo agora também o combate a fungos e ervas daninhas.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.