O Instituto Halal de Portugal, responsável por uma das certificações atribuída à exploração de patos Marinhave, acusada de maus tratos aos animais, esclareceu hoje que esta apenas abrange o abate e não a criação ou o transporte.
“A certificação Halal abrange exclusivamente o abate dos animais, não incluindo os procedimentos de criação, manejo e transporte pré-abate”, esclareceu o presidente executivo do Instituto Halal, Azhar Vali, em resposta à Lusa.
A SIC emitiu, esta segunda-feira, uma reportagem sobre a Marinhave, a maior exploração de patos da Península Ibérica, localizada em Benavente, na qual são divulgadas imagens de patos recém-nascidos deitados no lixo, alguns vivos e outros mortos.
As imagens mostram também trabalhadores a agredir os animais na exploração.
A Marinhave é certificada pelo instituto por cumprir os requisitos para a produção de carne Halal, como, por exemplo, que o animal, quando abatido, está virado para Meca e que é feito um corte único e continuo para garantir a morte instantânea e o sangramento completo.
A certificação atribuída à Marinhave, disponível no seu ‘site’, expirou em julho. O Instituto Halal não esclareceu se a mesma foi renovada automaticamente.
“Para os mercados de exportação, a certificação é realizada por lote, de forma a cumprir com as exigências internacionais. No processo Halal da empresa em questão, a informação de que eles [animais] não seriam insensibilizados é incorreta”, acrescentou o presidente executivo do instituto.
Em particular no que se refere aos maus tratos, Azhar Vali defendeu que “nunca ocorrem durante o abate Halal certificado e tampouco da presença de auditores” do instituto.
Assim, referiu que, quando verificados, estão relacionados com a fase de criação ou manejo, lamentando que “grupos ligados à extrema-direita em Portugal” estejam a tentar denegrir a imagem do halal.
A Marinhave tem ainda a certificação BRC, que assegura a qualidade e segurança alimentar dos produtos.
A Lusa contactou a SGS, responsável pela certificação em Portugal, mas não obteve resposta.
A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) adiantou, esta terça-feira, que a exploração de patos Marinhave está sem animais desde o início do mês, na sequência da confirmação de um foco da gripe das aves, e que não voltará a ter autorização até à conclusão da investigação.
Segundo um comunicado da DGAV, só voltam a ser introduzidos novos animais na exploração após a conclusão das averiguações em curso “e desde que esteja comprovado o cumprimento integral das exigências legais em matéria de bem-estar animal e biossegurança”.
Em marcha estão ações inspetivas complementares para a recolha de informação técnica, de modo a avaliar as situações denunciadas.
Caso se confirmem, vão ser aplicadas sanções, como processos contraordenacionais.
A Lusa questionou a Marinhave, mas sem sucesso.
Investigação SIC revela imagens inéditas do interior de exploração de patos acusada de maus-tratos