O Gana, segundo maior produtor mundial de cacau, anunciou hoje um aumento de 12,3% no preço pago aos agricultores, após a Costa do Marfim, o maior produtor, ter fixado um valor recorde para este produto no seu mercado.
O ministro das Finanças ganês, Cassiel Ato Forson, declarou que o preço pago aos produtores para a época 2025/2026passará de 3.228,75 cedis (cerca de 219 euros) para 3.625 cedis (cerca de 246 euros) por saca de 64 quilogramas e que este novo valor entrará em vigor na sexta-feira.
“Este aumento de cerca de 400 cedis por saca reflete o compromisso contínuo do Governo em garantir que os agricultores recebam uma remuneração justa pelo seu esforço”, disse Forson aos jornalistas após uma reunião do Comité de Revisão dos Preços à Produção.
No Gana, o setor do cacau é altamente regulamentado e os agricultores são obrigados a vender a sua produção ao Ghana Cocoa Board (Cocobod), um organismo público que fixa os preços.
No entanto, alguns produtores preferem exportar clandestinamente para beneficiar de preços mais atrativos.
O cacau é a terceira maior fonte de receitas de exportação do Gana, depois do ouro e do petróleo, mas muitos agricultores queixam-se de que os preços oficiais não acompanharam a subida dos mercados internacionais.
Alguns chegaram a abandonar a produção de cacau para se dedicarem à exploração ilegal de ouro, que tem danificado as terras agrícolas e os rios.
Forson anunciou ainda a continuação dos programas de apoio aos agricultores, nomeadamente a distribuição gratuita de fertilizantes, pesticidas e pulverizadores, bem como um novo programa de bolsas de estudo para os filhos dos produtores de cacau, a iniciar-se no ano letivo de 2026/27.
Em agosto, o Governo já tinha aumentado em 62,58% o preço do cacau à produção, fixando-o em 51.660 cedis por tonelada (3.502,62 euros).
O setor do cacau representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Gana e depende fortemente dos pequenos agricultores. Garante o sustento de um milhão de habitantes, neste país da África Ocidental com 33 milhões de pessoas.
Na quarta-feira, o preço de compra do cacau aos produtores da Costa do Marfim, o maior produtor mundial, foi fixado em 2.800 francos centro-africanos (CFA), cerca de 4,26 euros por quilograma, um valor recorde, anunciou o Presidente, Alassane Ouattara, em Abidjan.
A Costa do Marfim define centralmente o preço de venda dos seus grãos de cacau, argumentando que este sistema é menos sensível às flutuações do mercado.
O cacau da Costa do Marfim representa cerca de 40% da produção mundial, ou seja, mais de dois milhões de toneladas, e 14% do PIB deste país também da África Ocidental.
Os preços mundiais do cacau dispararam no ano passado, atingindo um pico de 12.500 dólares (cerca de 10,7 mil euros) por tonelada em dezembro, devido, sobretudo, às más colheitas na Costa do Marfim e no Gana.
Contudo, em 2025, os preços caíram e oscilam atualmente em torno dos sete mil dólares (cerca de seis mil euros) por tonelada.
Segundo a página ‘online’ sobre mercados internacionais Trading Economics, os operadores afirmaram que as chuvas acima da média na semana passada na maioria das principais regiões produtoras de cacau da Costa do Marfim devem sustentar uma colheita mais longa e maior entre outubro e março.
Além disso, segundo a mesma fonte, espera-se que as colheitas mais fortes da América do Sul para a época 2025/26 apoiem uma recuperação nos ‘stocks’ globais. Por exemplo, a produção do Equador pode crescer 5%, para 580.000 toneladas, e assim existe a possibilidade de ultrapassar o Gana como segundo maior produtor.