A Águas do Centro Litoral (AdCL), gestora da estação elevatória em Leiria onde ocorreu uma avaria que obrigou a descargas de efluentes não tratados no rio Lis, garantiu hoje que vai assumir a responsabilidade civil e ambiental.
“A Águas do Centro Litoral tem de assumir a responsabilidade civil e ambiental, e por isso temos as apólices de seguros para o efeito. É lógico que aquilo que seja, comprovadamente, da nossa responsabilidade, teremos de assumir dentro daquilo que está definido na legislação”, afirmou aos jornalistas, em Leiria, o vogal executivo da empresa Paulo Leitão.
Este responsável falava nos Paços do Concelho, após uma reunião, presidida pelo secretário de Estado do Ambiente, João Manuel Esteves, para coordenar resposta a avaria na estação elevatória de Monte Real, e que juntou várias entidades.
Ainda sem valores definitivos da quantidade de efluente descarregado para o rio na sequência da avaria, Paulo Leitão explicou que “esta é uma [estação] elevatória de poço seco, ou seja, não funciona com efluente na câmara onde estão as bombas”.
“E é raríssimo existir um problema em que haja um derrame para o poço seco”, declarou, esclarecendo o que “o sistema é redundante, não está é previsto e preparado para ser inundado”. Por isso, teve de “se drenar e limpar, para se poder aceder às bombas” e saber o que deveria ser feito, precisou.
Por outro lado, salientou que a empresa iniciou a identificação de “um conjunto de intervenções para garantir que fenómenos desta natureza não voltem a acontecer”, ou seja, nos casos de “uma rutura que provoque uma inundação nesta câmara, que haja um sistema que permita selar” o circuito de bombagem a montante e a jusante da câmara.
Ainda segundo este responsável, a AdCL está a equacionar também a substituição das bombas para “uma classe à inundação mais resistente, para que, caso venha a acontecer uma inundação, [se] faça só a limpeza e a reposição do serviço seja de imediato”.
“Esta avaria não tem a ver com falta de manutenção, nem com questões de investimento”, assegurou.
Paulo Leitão adiantou que a AdCL vai, nos processos internos de melhoria, verificar “se tudo feito de acordo com as melhores práticas e procedimentos”, e dotar as infraestruturas do sistema com soluções para evitar problemas iguais.
No caso do rio Lis, notou ainda que como tem um “caudal menor, tem um impacto maior”, reconhecendo, contudo, que “volumes [de descargas] desta natureza não deixam de ter sempre um impacto significativo no meio hídrico”.
Sobre a eventual colocação de sistemas de retenção de efluentes, Paulo Leitão explicou que “só podem ser criados onde há condições físicas para fazer a retenção”.
“Neste caso, estamos a falar de volumes consideráveis. Se calhar, teríamos de deixar de ter os campos do Lis com culturas agrícolas e criar uma grande bacia de retenção”, declarou, considerando que, “não havendo condições físicas” para a retenção, a solução passa pela “capacitação da infraestrutura para ter o mínimo de falhas possíveis”.
Na quarta-feira, a AdCL divulgou que a estação de Monte Real, que eleva efluente para a estação de tratamento de águas residuais do Coimbrão, estava “temporariamente inoperacional devido a uma avaria nas bombas que compõem o sistema de elevação”.
De acordo com a empresa, “foi acionado o sistema de descarga de emergência da estação, bem como da estação elevatória a montante (Serra de Porto do Urso)”, e as descargas ocorreram, “respetivamente, no rio Lis e numa vala de rega adjacente”.
Esta situação levou à interdição de banhos na Praia da Vieira, na Marinha Grande, onde desagua o rio Lis, e o Município de Leiria desaconselhou atividades no troço do rio Lis a jusante de Monte Real, como captações para rega, banhos e pesca.
Hoje, a AdCL assegurou que a avaria está resolvida, tendo terminado as descargas de efluentes para o rio Lis.