O Secretário Regional da Agricultura e Alimentação, António Ventura, sublinhou hoje que, desde a primeira hora, “é possível potenciar as espécies autóctones e delas retirar também dividendos económicos”.
“Estamos a trabalhar na domesticação das espécies mais emblemáticas e com mais potencial madeireiro da floresta natural dos Açores, tendo sido instalados mais de 30 hectares de campos experimentais e de monitorização do desenvolvimento destas espécies nas ilhas Terceira, São Miguel e Pico”, destacou o governante, falando em Angra do Heroísmo, à margem de uma visita a um projeto de produção de plantas endémicas.
“Estes campos experimentais destinam-se ao estudo das técnicas culturais de instalação e condução das espécies, de forma a potenciar a sua utilização florestal e assim definir os modelos silvícolas mais adequados para que estas voltem a ganhar a capacidade de produção de madeira que outrora exibiam e lhes permitiu ganhar fama pela sua qualidade, passando a ser opções válidas para a diversificação da base produtiva da floresta de produção dos Açores”, advoga.
Em causa estão espécies autóctones como o Pau Branco (Picconia azorica) ou o Cedro do Mato (Juniperus brevifolia), porventura as espécies mais emblemáticas da floresta natural dos Açores.
“O objetivo é muito mais ambicioso: queremos aumentar os campos de experimentação para outras ilhas e a área dos atuais”, vinca o Secretário Regional.
Esta área da experimentação, por enquanto, não pode ainda ser assumida plenamente pelos particulares, porque não estão em condições de assumirem as margens de risco que estas opções inevitavelmente encerram – cabe à governação do setor continuar a produzir conhecimento consolidado e a motivar e estimular o setor privado para ser parceiro ativo e interveniente nos novos caminhos que urge trilhar para a floresta do futuro dos Açores.
Também nos Açores, a floresta, e consequentemente o setor florestal, têm condições para desempenhar um papel cada vez decisivo e regulador da qualidade de vida e do potencial de bem-estar dos moradores, destacando-se aqui, pela sua importância e atualidade, o sequestro do carbono, a regulação dos regimes hidrológicos e a disponibilização de material lenhoso, o recreio florestal, entre muitos outros produtos e serviços.
O desafio de futuro passa por melhorar a qualidade e rentabilidade da produção de criptoméria, que é o esteio e suporte da fileira florestal regional e paralelamente e progressivamente ir-se diversificando a base do panorama florestal, quer pelo uso criterioso de algumas espécies exóticas, quer pelo recurso a espécies florestais autóctones, com maior capacidade de adaptação a determinadas situações, estando neste momento a decorrer vários trabalhos de investigação e experimentação neste sentido, no âmbito do Programa de Melhoramento Florestal dos Açores.
Pretende-se, pois, aumentar e diversificar a área florestal, mas de uma forma sustentada, ou seja, ambientalmente equilibrada, economicamente viável e socialmente justa.
Em todo este processo o recurso às espécies autóctones é estratégico, e sempre sujeito a planos de gestão orientados para compatibilizar, em cada caso, a conservação deste património com proveitos para os proprietários, potenciando-se assim o uso múltiplo da floresta.
Nota enviada pelo Governo Regional dos Açores.