A China vai suspender uma taxa alfandegária punitiva imposta em 2020 sobre a cevada australiana a partir de sábado, num sinal de melhoria nas relações comerciais com o Governo de Camberra, foi hoje divulgado.
A China baniu, efetivamente, as importações de cevada australiana em maio de 2020, quando taxou em 80,5% as importações, depois de o Governo australiano ter enfurecido Pequim ao pedir uma investigação independente sobre as origens e a resposta das autoridades chinesas ao surto original da doença covid-19, registado na cidade de Wuhan.
Os dois governos confirmaram agora o restabelecimento do comércio deste cereal, que estava avaliado em 916 milhões de dólares australianos (cerca de 550 milhões de euros) no ano anterior ao bloqueio das importações pela China.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, saudou o avanço, numa altura em que planeia realizar a sua primeira visita a Pequim na condição de chefe de Governo.
“Esta é uma decisão muito positiva”, disse Albanese.
Após ser eleito, em maio de 2022, Albanese pediu a Pequim que retirasse uma série de barreiras comerciais oficiais e não oficiais contra as exportações australianas – incluindo cevada, vinho, carvão, carne bovina, madeira e frutos do mar – que estavam a custar o equivalente a quase 14 mil milhões de euros por ano aos produtores.
O Ministério do Comércio da China disse, em comunicado, que “determinou que, em vista das mudanças no mercado de cevada da China, era desnecessário continuar a impor taxas ‘antidumping’ e direitos compensatórios sobre a cevada importada da Austrália”.
O ministério não deu detalhes sobre a decisão, nem explicou as mudanças no mercado.
A Austrália negou as alegações da China de que subsidiou a cevada e o vinho para exportá-los a preços artificialmente baixos, um processo conhecido como ‘dumping’.
Em abril, a Austrália suspendeu uma reclamação à Organização Mundial do Comércio (OMC), numa tentativa de reabrir o mercado chinês à cevada australiana. Em troca, a China concordou em rever as suas taxas sobre o cereal em questão.
Com a reabertura do comércio de cevada, o Governo australiano disse esperar que a China levante as suas barreiras comerciais ao vinho australiano.
No caso do vinho, a reclamação da Austrália permanece na OMC, que tem sede em Genebra.
A China é o maior parceiro comercial da Austrália. O comércio bilateral ascendeu a 287 mil milhões de dólares (cerca de 262 mil milhões de euros) em 2022.