A Câmara de Viana do Castelo está a implementar um Banco de Carbono dos Baldios, considerado uma “estrutura pioneira no país” que pretende “descarbonizar a atividade industrial das empresas instaladas nos parques empresariais do concelho”.
“Viana do Castelo tem um tecido empresarial ativo e em franco crescimento. E sabemos que o crescimento empresarial tem impacto na atmosfera, através da emissão de gases, alguns com potente efeito de estufa, induzindo o aquecimento do ar. As empresas conhecem essas produções, nomeadamente de dióxido de carbono, um dos gases de estufa, e estão empenhadas em garantir a neutralidade em termos de libertação de carbono para a atmosfera. Como se consegue isso? Plantando”, explicou hoje à Lusa o vereador do Ambiente e Biodiversidade.
Contactado pela Lusa a propósito de uma nota hoje divulgada à imprensa pela autarquia da capital do Alto Minho, Ricardo Carvalhido explicou que “as árvores, as rochas carbonatadas do fundo oceânico e os animais marinhos de concha são os sumidouros de carbono do planeta”.
“Retém este gás, retirando-o do ar. Portanto, estamos a criar uma bolsa de carbono nos baldios que permitirá às empresas sediadas nas nossas áreas empresariais e outras instituições anularem as emissões de carbono que libertam em resultado da sua atividade que também é necessária”, destacou.
O novo projeto “nasce de uma parceria entre os pelouros do Ambiente, de Ricardo Carvalhido, e do Desenvolvimento Económico, de Luís Nobre, a Comissão de Baldios e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC)”.
Segundo Ricardo Carvalhido, “neste momento os 13 órgãos de gestão (nove conselhos diretivos de baldios e quatro juntas de freguesia) já estão a identificar as áreas que constituirão o fundo de carbono”.
“A segunda etapa que iniciaremos logo de seguida é a tipificação ou caracterização dessas áreas e das necessidades que implicarão o seu uso. Queremos perceber se essas áreas estão ocupadas por vegetação exótica que é necessário erradicar, se são áreas que não tem vegetação, mas que requerem preparação de terreno, ou se são áreas que precisam de criação de acessos”, especificou.
Segundo Ricardo Carvalhido, o trabalho atualmente em curso pretende “identificar os espaços elegíveis para posterior caracterização”.
“Estes dois passos é que criam formalmente o Banco de Carbono dos Baldios, em linha com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica da economia portuguesa 2050, lançado pelo Governo”, adiantou.
Aquele roteiro “visa atingir a neutralidade carbónica em 2050 através do reforço da capacidade de sequestro de carbono pelas florestas e por outros usos do solo”.
“A implementação desta estratégia, no entender da Câmara Municipal, e aliada às áreas baldias do concelho, poderá constituir-se, de futuro e com a cimentação de regras e princípios, como um dos elementos do mercado voluntário de carbono do país e contribuir decisivamente para a alteração do perfil ecológico da floresta, incrementando o seu valor genético e dos ecossistemas, e a redução dos incêndios florestais”, sustenta a nota hoje divulgada pela autarquia.
A Comissão Municipal de Baldios de Viana do Castelo iniciou funções em março de 2019, por altura do Ano Municipal para a Recuperação da Floresta Nativa Portuguesa, reunindo trimestralmente.