A nossa sociedade vive hoje um contexto social estranho. Uma sociedade excessivamente mediatizada onde predomina o bem parecer de falsos costumes, onde as minorias querem impor a todo custo as suas vontades.
Também os nossos governantes nacionais, regionais e locais “embalam” ao som desta música, que de bela não tem nada. O discurso político tende a ser redondo, vazio de conteúdo e de valores com objetivo de agradar a todos. É neste caldo de indiferença e ignorância, que surgem afirmações e pensamentos ditatoriais a impor o seu modo de vida, os seus pensamentos e ações aos outros. É com base na ignorância da informação do “ Dr Google, do Dr faceboock ou do Dr youtube” que se afirma e partilha desinformação alarmista e carente de base científica e contraditório.
Hoje, como disse alguém recentemente, “passeamos mais os cães e os gatos do que as nossas crianças”
É neste caldo, bem financiado por quem de direito, que surgem também movimentos e partidos políticos que se apoderam e promovem esta ignorância.
Movimentos e partidos que atacam de forma sensacionalista e irresponsável o mundo rural e os seus valores.
Mundo rural esse, que continua a trabalhar faça chuva ou Sol, que continua a fazer o seu caminho, que continua a modernizar-se de tal forma que contribui cada vez mais para o PIB e exportações nacionais.
Hoje, a maioria dos partidos, dos políticos e dos órgãos de comunicação social têm medo de defender o mundo rural e o sector Agrícola, porque a moda é atacar. Quando se fala naquilo que é o modo de vida e valores do mundo rural, existe um receio quase coletivo de defender esses mesmos valores, as vezes parecem que tem vergonha.
O desconhecimento é de tal ordem que as massas são facilmente manipuladas para promover os direitos dos animais esquecendo também de promover os seus deveres! Sim, porque quem tem direitos tem que ter deveres. Humaniza-se estas relações por ignorância e desconhecimento.
Diaboliza-se alimentos como a carne ou o leite, em detrimento de outro tipo de produtos que carecem de efetivamente valor nutricional. Os mesmos que há cerca de 20 anos defendiam a utilização de óleo em detrimento do azeite na culinária… no que toca Alimentação, o que os nossos Governantes deviam fazer, é promoção do que é genuinamente nosso, que é saudável e ambientalmente sustentável – A dieta mediterrânea.
Recentemente, utilizam as questões ambientais para deferir mais um ataque ao sector, uma vez mais de forma irresponsável e sensacionalista.
Quando se fala de agricultura, estamos a falar de ambiente, quando se fala de pecuária estamos a falar de atividades que preservam o ambiente. É a pecuária que fixa população ao território, é a pecuária que cultiva e produz milhares de hectares de terrenos agrícolas, contribuindo para a manutenção da flora e faunas autóctones da região, que de outra forma estariam abandonados á espera do próximo verão para arder!
Agricultura, por tudo o que contribui para sociedade e para o ambiente, é claramente um sector credor dos restantes. Chega de mal tratar este sector, já existe demasiada pressão comercial e défices estruturais na agricultura nacional, não precisamos de acrescentar a pressão negativa da sociedade. Honra e orgulho do que produzimos.
Os agricultores e as suas organizações têm algumas características que os definem, entre elas esta a nossa capacidade de resiliência sobejamente reconhecida e demasiadas vezes colocada á prova.
Outra é a nossa boa memória coletiva que abrange agricultores, zootécnicos, agrónomos, veterinários, professores, prestadores de serviço e todos os milhares de postos de trabalho que vivem direta ou diretamente da agricultura, para quando chegar a hora reconhecer aqueles que estiveram efetivamente ao lado do interesse da produção Agrícola nacional.
Idalino Leão
Agricultor
Presidente da Fenapecuaria