O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, considerou hoje justas a maioria das reivindicações dos agricultores que se têm manifestado no país e afirmou que “precisam de uma resposta” por parte da União Europeia (UE).
Questionado sobre as manifestações, que hoje levaram milhares de pessoas ao centro de Madrid, Sánchez manifestou “máxima empatia com a maioria das reivindicações” dos agricultores e disse que o Governo de esquerda que lidera as considera “justas e que evidentemente precisam de uma reposta por parte da Comissão Europeia”.
Espanha, segundo afirmou o governante, enviou hoje uma carta à Comissão Europeia a pedir para atender às reivindicações dos agricultores relacionadas com a burocracia, que consideram excessiva, e as designadas “cláusulas espelho” (imposição às importações das mesmas regras e exigências que são impostas à produção dentro do espaço europeu).
Na semana passada, o executivo espanhol apresentou um pacote de 18 medidas para responder a reivindicações dos agricultores, mas as três maiores confederações agrícolas do país decidiram manter os protestos, apesar de reconhecerem “avanços importantes”.
O ministro da Agricultura, Luis Planas, reconheceu que as 18 medidas são, em boa parte, competência da UE e, por isso, o compromisso é propô-las e defendê-las em Bruxelas.
Entre essas propostas estão várias para flexibilização de regras da Política Agrícola Comum (PAC), a simplificação de procedimentos e diminuição de burocracia e mais exigências para produtos importados do exterior da UE.
Espanha é o primeiro exportador da UE de frutas e legumes.
Sánchez, que respondia a perguntas dos jornalistas em Marrocos, no final de uma visita oficial a este país, reiterou que o Governo espanhol tem apoiado a agricultura e que só nos últimos dois anos desbloqueou ajudas de 4.000 milhões de euros para o setor, para responder ao impacto da guerra na Ucrânia, da inflação e da seca.
O primeiro-ministro, que é defensor do acordo comercial da UE com o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), sublinhou que nos últimos anos a agricultura espanhola ganhou competitividade e Espanha passou a exportar mais produtos agrícolas do que importa, pelo que a abertura a mercados externos “também interessa” aos agricultores nacionais.
Sánchez considerou que a resposta para a agricultura vai e tem de ir “para lá” do “negacionismo das alterações climáticas” e do “anti-europeismo” de alguns partidos de direita e extrema-direita, como os que tutelam a agricultura em governos regionais em Espanha.
Pelo menos 4.000 pessoas, com 500 tratores, manifestaram-se hoje em Madrid, no 16.º dia consecutivo de protestos de agricultores em toda a Espanha contra políticas e regulamentos europeus.