Angola pode aumentar a sua produção agrícola subsidiando a agricultura familiar, o suporte de 80% dos produtos do campo, com a garantia de preços mínimos, defendeu hoje, em Luanda, um responsável da petrolífera americana ExxonMobil.
Segundo o assessor para Relações-Públicas e Governamentais da ExxonMobil, Miguel Cordeiro, até agora tem sido financiado o consumo, mas é preciso haver coragem para financiar a produção.
“Vai haver uma enorme diferença, porque subsidiar a produção é com kwanzas e subsidiar o consumo é com divisas”, referiu Miguel Cordeiro, quando participava na mesa-redonda sobre a produção de cereais, seguro e financiamento à agricultura, promovida pela revista Economia & Mercado.
O responsável disse que a multinacional, na sua componente de responsabilidade social, apoia, há cerca de dez anos, a agricultura familiar, especialmente mulheres camponesas, com a cooperação de Organizações Não-Governamentais, com resultados bastante positivos.
Miguel Cordeiro disse que o apoio financeiro “é muito pouco” e vai mais no sentido do acesso à educação e formação, água, equipamentos ou tecnologias agrícolas, aos mercados e ao capital.
No início, a agricultura familiar é para alimentação própria, mas com o apoio que recebem passam também a comercializar e trocar os produtos, “o que faz diferença”, pelos testemunhos que recebem de pessoas que conseguiram melhorar as suas condições de vida, disse.
“Mas as dificuldades continuam, porque é duro, especialmente para o camponês. E na área do financiamento, embora o pequeno agricultor não esteja à espera do apoio bancário (…), podia-se fazer uma grande diferença é na área comercial”, defendeu.
Para o responsável, é preciso apoiar a venda dos produtos, que proporcione lucros, sublinhando a grande diferença de preços que são praticados pelos agricultores e os revendedores.
“Uma latinha de feijão na Quibala [município da província do Cuanza Sul] está a ser vendida a 400 kwanzas (0,4 euros), aqui em Luanda a 1.200 kwanzas (1,3 euros), provavelmente já aumentou. A diferença entre o produtor e o consumidor é abismal”, salientou.
Miguel Cordeiro frisou que era importante conseguir-se aumentar o preço para o agricultor e diminuir para o consumidor, “todos ganhavam”, o que pode ser feito “através de um banco de grãos”, pelo Estado ou um privado.
“Só este exemplo, fazia toda a diferença para a agricultura familiar”, disse o responsável, indicando que perto de 10.000 famílias camponesas são apoiadas pela petrolífera americana, nas províncias de Malanje, Uíje, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Benguela, Huambo, Bié e Huíla, com perspetivas para expandir e melhorar as ajudas.