O verão está aí à porta, uma época muito propícia aos incêndios em Portugal. Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, assegura que “não podemos falhar” na prevenção aos fogos florestais no nosso país, onde “persiste uma cultura que continua a não ter consciência dos riscos”. Com as alterações climáticas e o aquecimento global, o fundamental, sublinha o especialista, é “reduzir drasticamente as ignições” e “assumir a responsabilidade” aquando da utilização do fogo.
O verão ainda não começou, mas Portugal já registou, durante o ano de 2023, mais de oito mil hectares de área ardida. Os dados provisórios são do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e referem-se ao período entre 1 de janeiro e 15 de maio, período esse em que se registaram mais de dois mil incêndios rurais. Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, considera que “é sempre difícil dizer como é que o comportamento nos primeiros meses vai ou não relacionar-se com aquilo que poderão ser as ocorrências de grandes incêndios no período mais quente”.
Ainda assim, o especialista adianta que o número de ignições registado durante este ano “é um pouco maior em comparação com o ano anterior”, mas a extensão de área ardida “é menor”, uma vez que no ano passado, por esta altura, já tinham sido queimados cerca de 9300 hectares de floresta.
“O grande problema é aquilo que temos agora pela frente, num ano que, até agora, teve características muito propícias a incêndios de grandes proporções. Tivemos uma época de chuvas ainda intensas no Norte e Centro do país e isso permitiu o crescimento e armazenamento de combustível bastante significativo”, explica.
“Há um conjunto de fatores determinante para termos um verão com incêndios relativamente limitados ou para termos situações catastróficas, como em 2017”, aponta Francisco Ferreira, sublinhando que “tudo depende de um conjunto de circunstâncias, a começar pelo comportamento das pessoas, mas também das condições meteorológicas, orográficas ou o combustível existente”.
“Temos que ter uma grande aposta naquilo que são as boas práticas para que, em circunstâncias de uma onda de calor e num terreno desfavorável e com bastante combustível, não tenhamos um incêndio a passar a um mega incêndio”, defende.
Fogos florestais: causas e consequências
As alterações climáticas, com “períodos de seca mais prolongados e temperaturas máximas a baterem recordes”, são “fatores fundamentais” para a propagação dos incêndios, dificultando o seu combate.
Além disso, Francisco Ferreira destaca “o número muito elevado de ignições, resultante de um descuido e uma cultura do fogo que não deveria admitir comportamentos desta natureza”.
“Há muitas pessoas que, por negligência, pensam que não vão ser origem de uma catástrofe e o que acontece é que acabam por sê-lo em muitas das ocorrências que nós temos tido, e, por isso, é tão importante sermos irrepreensíveis naquilo que são as medidas de prevenção, por muito que consideremos que conseguimos controlar o fogo para a […]