Como utilizar melhor a terra, produzindo com qualidade, para uma população em crescimento? Para João Coimbra e Francisco Palma, este objetivo pode ser conseguido com uma agricultura de conservação, regenerativa, que faça uma utilização inteligente da tecnologia.
Com uma quantidade limitada de terra disponível para a agricultura, até por razões ambientais, e com uma população em crescimento, que está a viver melhor e a consumir mais proteína, toda a tecnologia não será demais para resolver a difícil equação que é alimentar a população sem destruir o planeta.
Esta realidade mostra a importância da tecnologia para a atividade agrícola. Como é que a tecnologia pode ajudar a agricultura a ser mais produtiva foi precisamente o tema do painel que, com a moderação de Marta Rangel, juntou João Coimbra, presidente da ANPROMIS – Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo, e Francisco Palma, presidente da Associação dos Agricultores do Baixo Alentejo. Para os intervenientes neste painel, a perspetiva correta para resolver esta equação não deve ser a de reduzir a atividade agrícola, mas sim a de acelerar e tornar mais produtivo o processo agrícola.
Acesso à água fundamental
Neste contexto, um primeiro fator de importância fundamental é a água. O acesso à água garante, por si só que, num determinado território, a produção seja multiplicada por muitos. Para João Coimbra, e apesar das secas recorrentes, existem em Portugal muitos recursos hídricos mal aproveitados que podem oferecer soluções para o acesso à água durante muitos mais anos. No entanto, para este responsável associativo, “é necessário produzir mais com a mesma água, nomeadamente usando tecnologia que pode ser de todo o género, como a biotecnologia”, afirma. Para João Coimbra, “existe uma resistência na Europa ao desenvolvimento da biotecnologia à volta da genética das plantas. Isso tem de ser ultrapassado se queremos aumentar a nossa capacidade de autoabastecimento alimentar. E, no entanto, a própria reforma da PAC pressupõe que vamos reduzir a produção agrícola na Europa e ser menos autossuficientes, o que pode dar maus resultados a prazo”, avisa.
A questão da água é ainda mais decisiva no Alentejo, como sublinhou Francisco Palma, presidente da Associação dos Agricultores do Baixo Alentejo. Para este responsável, o Alqueva veio alterar substancialmente a situação, mas há ainda muito que pode e deve ser feito para enfrentar o desafio de secas cada vez mais frequentes. “Neste momento, apenas 10% do território do Alentejo tem acesso a essa água e os outros 90% estão submetidos a uma seca estrutural”, referiu. “A situação atual, em que temos situações meteorológicas mais extremas, e em que há fortes chuvadas pontuais, torna necessário infraestruturar melhor o território no sentido de poder armazenar mais água e aumentar a eficiência hídrica”, sublinha Francisco Palma.
No mesmo sentido, João Coimbra lembrou que a solução também passa por gerir melhor a água, nomeadamente produzindo mais com a mesma água. Neste contexto, usar mais e melhor tecnologia é a resposta, nomeadamente estudando as necessidades das plantas e […]
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