A Suécia vai criar reservas de cereais para usar em caso de guerra ou de crise no norte do país, uma região de “importância militar estratégica”, anunciou hoje o Governo.
No âmbito do orçamento para 2026, Estocolmo prevê investir 575 milhões de coroas (cerca de 52 milhões de euros, ao câmbio atual) para estabelecer as reservas de cereais.
Os ‘stocks’ serão financiados através de contratos celebrados entre o Estado e empresas privadas, precisou o Governo, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
O Estado comprará uma determinada quantidade de cereais às empresas, às quais pagará depois para garantir a renovação contínua dos produtos (‘stocks’ rotativos).
Os produtos deverão estar sempre disponíveis, explicou a Agência Sueca de Agricultura.
O concurso público será lançado na quarta-feira nos condados de Norrbotten, Vasterbotten, Vasternorrland e Jamtland.
Atualmente, os três condados dependem totalmente do transporte proveniente do sul do país para assegurar o abastecimento alimentar, o que poderia representar um problema em caso de conflito.
“O norte da Suécia tem uma importância estratégica militar e constitui uma prioridade particular para a defesa total”, declarou o ministro da Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin, citado num comunicado.
“Não é por acaso que as primeiras etapas para a criação de reservas de cereais têm lugar aqui: trata-se, fundamentalmente, de garantir que a população possa ter comida na mesa mesmo em tempos de crise”, acrescentou.
O conceito de “defesa total” foi reativado pela Suécia em 2015, após a ocupação da Crimeia pela Rússia no ano anterior, e reforçado depois da invasão em larga escala da Ucrânia em 2022.
O objetivo é envolver toda a sociedade — do Estado aos cidadãos, passando pelas empresas — de forma a resistir coletivamente a uma agressão armada, mantendo ao mesmo tempo as funções vitais do país.
O pão e os produtos à base de cereais têm um elevado teor energético, referiu a Agência Sueca de Agricultura.
Entre 90% e 95% da população da Suécia poderia alimentar-se exclusivamente de cereais durante três meses sem sofrer carências nutricionais, acrescentou a agência de agricultura.
Na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Suécia também abandonou a tradição de neutralidade e aderiu à NATO, tal como a Finlândia.