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– 04-11-2002 |
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Sever do Vouga : Espigueiros, as obras de arte que guardam o milhoOs 700 espigueiros dispersos pelas nove freguesias de Sever do Vouga são mais do que meros dep�sitos de milho. Muitos deles são aut�nticas obras de arte. A altivez, harmonia e o perfeito equil�brio que exibem, as linhas matematicamente ordenadas e a complexidade da constru��o, transformaram-nos em verdadeiros pontos de refer�ncia da paisagem local. Agora a trabalhar no Museu Pedra, em Cantanhede, Maria Carlos P�go fez em 2000, com apoio camar�rio, um levantamento dos espigueiros deste munic�pio no interior do distrito de Aveiro e guarda deles a imagem de significativas diferen�as relativamente aos do Minho, onde as constru��es são integralmente em pedra e menos decoradas. "Em Sever do Vouga, algumas componentes da constru��o são em madeira e as paredes são ligeiramente inclinadas para o exterior, mas o que mais os distingue são os baixos-relevos por cima das portas, feitos por artistas an�nimos da terra", conta a especialista em patrim�nio � Agência Lusa. "As decora��es pintadas nas cambotas dos espigueiros revelam o cuidado e o apre�o que a popula��o dedicava a este tipo de constru��o rural", afirma Maria Carlos P�go. Na sua maioria datados do �ltimo quartel do s�culo XIX, os seus motivos de decora��o são de �ndole vegetalista e geom�trica, numa valoriza��o estática que se acentua quando aos baixos-relevos se juntam pinturas aplicadas sobre madeira entalhada com preciosos pormenores. No entanto, alguns acusam j� o peso da degrada��o e outros foram descaracterizados na sua reconstru��o. "Paulatinamente, novos materiais foram sendo introduzidos e, enquanto o tijolo substituiu as paredes de madeira, o zinco substituiu os telhados de telha caleira e o cimento toda a estrutura outrora de granito", lamenta Maria Carlos P�go. A especialista percebe, contudo, que estas altera��es "respondem �s exig�ncias de facilidade de constru��o, durabilidade e menor custo de fabrico e manuten��o, que a sociedade contempor�nea imp�e". além dos espigueiros, os lavradores descobriram outras formas de armazenar e conservar o milho, uma planta gram�nea oriunda da Am�rica, e que, segundo Maria Carlos, terá chegado � Europa no s�culo XV. Uma dessas formas � coloc�-lo em sequeiras, salas de grandes dimens�es, ao nível. de um primeiro andar, preferentemente viradas a sul e com grandes portadas que se abrem em dias de sol. Mas os espigueiros "são os que melhor respondem �s necessidades de secagem e armazenamento da espiga, mantendo-a em boas condi��es durante a �poca chuvosa e até � pr�xima colheita", defende Maria Carlos P�go no estudo que realizou em Sever do Vouga. O seu sistema de constru��o foi concebido de forma a preservar as espigas quer da humidade do ar e do solo quer da ac��o depredadora de roedores, aves gran�voras e alguns insectos. são, regra geral, pequenos edif�cios de pedra ou madeira – e mais frequentemente de ambos os materiais – compostos de duas partes distintas: o corpo, onde se guardam as espigas, e o assento, que o isola do ch�o. O corpo apresenta uma c�mara estreita com as paredes inteiramente rasgadas por fendas, proporcionando um bom sistema de ventila��o que assegura a continua��o de secagem das espigas e a sua conserva��o em bom estado por longo tempo. Um telhado de duas ou quatro �guas com os beirais salientes, resguarda o corpo das chuvas directas. O assento eleva o corpo do solo, para o proteger contra a humidade e impedir o acesso de roedores. Por outro lado, exp�e melhor a c�mara � circula��o do ar. O objectivo fulcral do levantamento feito por Maria Carlos P�go em Sever do Vouga era sensibilizar autarquias e propriet�rios "para a promo��o deste patrim�nio t�o vasto e que constitui parte integrante da nossa identidade cultural, restituindo-lhes, deste modo, a dignidade a que um dia tiveram direito". Graciela Figueiredo, uma t�cnica superior da C�mara de Sever de Vouga que acompanhou de perto este levantamento, concorda, defendendo que a autarquia "tem feito um esfor�o nesse sentido". "Foi precisamente o nosso interesse na classifica��o e recupera��o deste legado que nos levou a promover a realiza��o daquele levantamento", disse Graciela Figueiredo enquadrando este trabalho num outro, mais vasto, que inclui a avalia��o do estado dos moinhos de �gua, "santu�rios" megal�ticos e um roteiro da arte sacra neste concelho no interior do distrito de Aveiro.
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