Especialistas do setor da energia explicaram na Feira Nacional de Agricultura (FNA), que decorre até domingo no CNEMA em Santarém, como o setor agrícola é fundamental para a produção de gás biometano e para cumprir as metas de descarbonização que Portugal tem de atingir até 2050. No entanto, reconhecem, as empresas ainda enfrentam grandes dificuldades na implementação de projetos desta natureza.
“As unidades de produção de gás biometano são soluções ambientalmente qualificadas que conseguem ligar a indústria pesada à agricultura através da rede nacional de gás. Aliamos o Ambiente com a Agricultura e a Energia”, afirmou Nuno Pinto, Head of Biomethane da Rega Energy na conferência “Biosoluções, um passo em frente na agricultura”. Porém, o facto de a produção deste gás renovável envolver estas três áreas, e necessitar da articulação entre entidades muito diversas – acarreta algumas “dificuldades” no desenvolvimento de projetos. “Devia haver uma via rápida para licenciamento, mas não uma via verde!”, explica o responsável desta empresa portuguesa com vários projetos em cursona área da produção do hidrogénio verde e do biometano.
Do ponto de vista de Nuno Nascimento, Head of Energy Transition da Floene, falta em Portugal mais “ação” para haver mais projetos destes, mas também “medidas de apoio aos investidores privados”, assim como regras claras sobre o digerido, ou fertilizante, resultado do processo de produção de biometano e que poderá ser devolvido às agropecuárias num verdadeiro modelo de economia circular.
Nuno Nascimento, responsável na Floene – empresa que detém 13.800 quilómetros da rede de distribuição de gás natural do país e que pretende até 2050 ter a estrutura toda com hidrogénio e biometano reduzindo em cerca de 90% a emissão de gases – lembrou que em França abrem duas a três unidades de biometano por semana. A partir da Bretanha, em França, Mariana Moreira, da Chambre d’Agriculture de Bretagne, explicou, porém, que só uma pequena parte são unidades industriais.
Também neste painel participou Nuno Soares, da Repsol, que explicou como a empresa está a usar combustível orgânico para descarbonizar os transportes. O responsável salientou que o legislador não deve adotar soluções únicas quando traça metas de descarbonização porque cada setor é único.
Recorde-se que o biometano poderá ser produzido a partir de efluentes agropecuários, como o estrume e o chorume, e do seu processo de produção é extraído um fertilizante orgânico que pode ser usado pelos produtores agrícolas
Fonte: Rega Energy