A eventual apresentação do acordo UE-Mercosul pela Comissão Europeia nos próximos dias está a gerar forte contestação junto do setor agrícola europeu, que considera que a ratificação irá “aprofundar ainda mais o fosso entre as comunidades rurais e a Comissão Europeia”.
De acordo com órgãos de comunicação europeus, Bruxelas pretende avançar com o processo num “momento favorável”, apesar de o texto do acordo não ter sofrido alterações de fundo. Para a Copa-Cogeca, união que representa agricultores e cooperativas agrícolas na Europa, esta opção “equivale a uma aprovação forçada por motivos políticos”, enviando “mais um sinal negativo” no início de uma nova temporada política.
Os representantes dos agricultores recordaram que, durante o verão, foram já anunciadas medidas consideradas desfavoráveis ao setor, nomeadamente as concessões feitas no âmbito do acordo UE-EUA. Em conjunto, argumentaram que estes sinais mostram que “a agricultura europeia está a ser relegada para segundo plano nas prioridades da União Europeia”.
“A ratificação seria mais um marco da distância considerável entre as declarações feitas no início do mandato da presidente Ursula von der Leyen e as ações efetivas da Comissão até hoje”, sublinhou o comunicado.
As organizações pedem ao Colégio de Comissários que considere “plenamente os múltiplos impactos” da ratificação e alertam que, ao contrário do pensamento dominante em Bruxelas, “o acordo UE-Mercosul nunca foi tão economicamente e politicamente prejudicial para os agricultores, comunidades rurais e consumidores europeus”.
É esperada uma ratificação provisória do acordo até o fim de 2025, se não houver bloqueios significativos, nomeadamente de países como França, Polónia e Itália, que já demonstraram uma forte resistência.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.