Setembro terminou com um défice da balança comercial 643 milhões de euros menor do que 12 meses antes. Exportações de alimentos e bebidas foram as únicas que registaram crescimento na maioria dos primeiros nove meses do ano
O défice da balança comercial de bens diminuiu 643 milhões de euros em Setembro de 2020 face ao mês homólogo de 2019, atingindo 1088 milhões de euros, anunciou hoje o Instituto Nacional de Estatística. O agrupamento de bens alimentares foi “a única grande categoria económica que registou, no período de Janeiro a Setembro de 2020, acréscimos face ao período homólogo, ao contrário da redução generalizada das exportações”.
Se se excluir a categoria de “Combustíveis e lubrificantes”, “a balança comercial atingiu um saldo negativo de 785 milhões de euros, correspondente a uma diminuição do défice de 353 milhões de euros em relação a Setembro de 2019”.
Analisando somente o mês de Setembro, as exportações e as importações de bens registaram variações homólogas nominais de -0,4% e -9,9%, respectivamente, ainda assim abrandado o ritmo de queda de Agosto, em que foram de -1,9%e -10,4%, pela mesma ordem.
O INE dá destaque aos “decréscimos nas importações de ‘Combustíveis e lubrificantes’ (-39,4%) e de ‘Material de transporte’ (-19,9%), principalmente ‘Outro material de transporte’ (maioritariamente aviões)”. A aviação está a ser um dos principais sectores afectados pela pandemia, e o ano de 2020, atípico, compara com um ano de 2019 em que a TAP estava a reforçar a sua frota de aeronaves.
No que respeita às variações face ao mês anterior, em Setembro de 2020 as exportações e as importações aumentaram respectivamente 32,6% e 24,1% (-25,4% e -15,9%, pela mesma ordem, em Agosto de 2020). No terceiro trimestre de 2020, as exportações e as importações diminuíram respectivamente 3,3% e 13,8%, face a igual período de 2019 (-6,7% e -18,1%, pela mesma ordem, no trimestre terminado em Agosto de 2020).
Alimentar vende mais para fora
“No período acumulado de Janeiro a Setembro”, sublinha o instituto estatístico nacional, “verificaram-se decréscimos em todas as grandes categorias, em ambos os fluxos, excepto nas exportações de ‘Produtos alimentares e bebidas’, que aumentaram 92 milhões de euros”.
O aumento acima de 90 milhões “verificou-se sobretudo na subcategoria ‘Produtos transformados destinados principalmente ao consumo dos particulares’”, com mais 68 milhões de euros.
O INE reforça o desempenho: “Em termos de taxas de variação homóloga, as exportações de ‘Produtos alimentares e bebidas’ têm evoluído de forma mais favorável que as exportações globais, apresentando uma variação positiva na maioria dos meses do ano, atingindo mais 5,2% em Setembro”.
Nos nove primeiros meses do ano, o comportamento não foi regular. “Verificou-se um decréscimo significativo das exportações e importações face ao período homólogo, reflectindo o contexto da pandemia covid-19”, resume o INE. Mas “após os meses de maior impacto – Abril e Maio, verificou-se uma lenta recuperação, mais acentuada nas exportações”.
Em termos acumulados, entre Janeiro e Setembro, “cinco capítulos [de classificação] foram responsáveis por um aumento de 193 milhões de euros” das exportações nacionais.
As “Frutas, cascas de citrinos e de melões” foram o capítulo com maior aumento (mais 68 milhões de euros), seguindo-se as “Gorduras e óleos, animais ou vegetais, ceras” (mais 50 milhões de euros), os “Açúcares e produtos de confeitaria” (mais 29 milhões de euros), as “Preparações de carnes, peixes, crustáceos e moluscos” (mais 24 milhões de euros) e as “Carnes e miudezas comestíveis” (mais 23 milhões de euros).
Em sentido contrário, houve um decréscimo de 156 milhões de euros nas exportações de “Peixes, crustáceos e moluscos”, acrescenta o INE.
O artigo foi publicado originalmente em Público.