O presidente da Câmara Municipal da Guarda mostrou-se hoje preocupado com a situação de seca que o país atravessa e disse que o Estado tem de “encontrar rapidamente” formas de apoio para os agricultores da região.
“O Estado central vai ter que encontrar rapidamente formas de apoio para os nossos agricultores, até sob o ponto de vista da silvopastorícia, porque nós temos muitos rebanhos e muitas manadas no nosso território e se essas pessoas tiverem que vender o gado é território abandonado, é menos território vigiado, é menos território limpo. E, nós, [Câmara Municipal] não queremos que isso aconteça”, disse hoje Sérgio Costa [Movimento Pela Guarda].
Questionado pela agência Lusa, no final da reunião quinzenal do executivo municipal, sobre as dificuldades que se colocam aos agricultores da região, que têm falta de água para a pecuária e para a rega dos campos agrícolas, o responsável respondeu que está “a par dessas questões” e preocupado.
O autarca lembrou que a Câmara da cidade mais alta do país aprovou recentemente apoios específicos para as raças autóctones e, se for necessário aprovar outro tipo de apoios, isso será feito, embora sublinhe que, “em primeiro lugar, cabe ao Estado central essa obrigação”.
“Mas nós estamos muito atentos e muito preocupados em relação a essa matéria. Eu tenho falado com alguns criadores de gado, que estão francamente preocupados”, porque, para além da falta de água para os animais, o preço das rações, dos fenos e das aveias “disparou quase para o dobro”.
“É muito preocupante e temos que estar sempre a acompanhar, com as associações de produtores, toda essa problemática”, assumiu.
Segundo Sérgio Costa, devido à seca, os serviços camarários estão com um plano “definido ou quase definido” e em função da evolução da situação poderá ter que haver “alguma redução drástica” das regas dos espaços verdes municipais.
“Os serviços estão a preparar o plano de adaptação a estas alterações climáticas, no caso concreto para este ano de pouca pluviosidade”, disse.
Sobre a água para consumo humano, informou que a barragem do Caldeirão, que abastece o concelho da Guarda, “está a níveis muito bons” e o município ainda não recebeu nenhum alerta da Agência Portuguesa do Ambiente, da Águas do Vale do Tejo nem da EDP, relativa a eventuais medidas de racionamento.
“Neste momento, o que nos preocupa tem a ver com os espaços verdes e a redução que tem que existir gradualmente dos tempos de rega. No que diz respeito ao consumo humano [de água] ainda é cedo para nós podermos dizer o que quer que seja, porque ainda não foi sinalizado nada nem [por parte] da Agência Portuguesa do Ambiente, nem das entidades gestoras da barragem do caldeirão”, concluiu.
Segundo previsões oficiais, 34% do país está em seca severa e 66% está em seca extrema.
Dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera indicam que este ano é o mais seco de que há registo (desde 1931) e que só o ano de 2005 se aproximou da situação atual, pelo que a seca meteorológica e agrometeorológica “obrigam a tomar medidas”.
No início de fevereiro já tinha havido uma reunião da Comissão, na qual foram anunciadas e tomadas medidas, que serão agora complementadas com outras, sendo que, garantiu Duarte Cordeiro, a água para consumo humano está salvaguardada para dois anos.