Diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Desde o início da revolução industrial, a relação da humanidade com a natureza tem sido celebrada como um triunfo. Através da inovação, iluminámos países, construímos indústrias e viajámos além-fronteiras a uma velocidade sem precedentes. Com o desenvolvimento da agricultura, um número recorde de pessoas tem acesso a alimentos e, em algumas partes do mundo, a esperança média de vida mais do que duplicou.
No entanto, cada vez mais, esta realidade parece uma vitória pírrica. A queima de combustíveis fósseis está a emitir gases de efeito estufa, desencadeando uma reação em cadeia de alterações climáticas, níveis tóxicos de poluição do ar e eventos climáticos extremos, como inundações, ondas de calor, secas e incêndios descontrolados. A rápida destruição de habitats de vida selvagem através da deflorestação e da agricultura industrial também é responsável pelo surgimento de três em cada quatro novas doenças infeciosas, incluindo vírus zoóticos como a gripe das aves, o SARS, o MERS, o ébola e provavelmente a covid-19, contra os quais o mundo continua a lutar mais de um ano depois do seu surgimento.
É este o efeito dominó da degradação ambiental. A conservação por si só não nos levará onde é necessário estar. Os oito principais tipos de ecossistemas – terrenos agrícolas, florestas, água doce, oceanos, montanhas, pastagens e savanas, turfeiras e cidades – estão todos em degradação. E, assim como o dominó, a deterioração de um ecossistema tem um efeito cascata nos restantes.
Pelo menos dois mil milhões de pessoas dependem diretamente de terras agrícolas e de pastagens, mas um terço das terras está altamente degradado devido ao uso de pesticidas e de fertilizantes, e à plantação de monoculturas. Uma realidade que, por sua vez, aumenta a insegurança alimentar e leva à degradação de outros ecossistemas para criar novas terras agrícolas. A expansão agrícola e a extração