Os cachos estavam prontos a cortar quando o granizo deitou por terra quase toda a produção de tintos da Valle Pradinhos. Mais a Norte, produtores vizinhos, como a Encostas de Sonim, foram poupados.
O ano rendera “imenso”, as videiras estavam carregadinhas e parecia que 2023 seria “um ano fantástico”. A campanha começara a 25 de Agosto e os brancos já estavam vindimados. Mais uma semana e seriam apanhadas as primeiras castas tintas – as mais precoces, as outras ficariam para meados deste mês. Mas o granizo do tamanho “de bolas de pingue-pongue” que caiu na zona de Valpaços, Trás-os-Montes, no último fim-de-semana, deitou por terra quase toda a produção de tintos no Casal de Valle Pradinhos, naquele território mas já no concelho de Macedo de Cavaleiros.
“Era enorme, pareciam bolas de pingue-pongue, um horror. A única coisa que conseguimos vindimar foi o branco. Do tinto, só vindimámos 8.000 quilos. O resto foi tudo ao ar. Uma desgraça”, descreve Maria Antónia Mascarenhas, proprietária da quinta. A produtora ainda não fez contas aos prejuízos, mas olhando à produção anual da Valle Pradinhos e ao peso dos tintos na exploração percebe-se a extensão da perda.
A produção média anual ronda as “260 mil garrafas”, 80% são tintos, das vinhas que o granizo apanhou. Em vez de 8.000 quilos, e, claro, dependendo dos anos, a vindima dos tintos “costuma render 80.000 quilos. [A perda] é de quase 90% nas castas tintas”. Um ano que prometia e que ficou praticamente perdido.
“Tenho seguro, mas na minha gestão nunca precisei de o activar. Este ano claro que o activei. Estamos a recolher dados. Mas não vai cobrir tudo. Ninguém cobre o mercado do vinho, [as vendas] que eu não fiz”, partilha, sem grandes esperanças.
O seguro não é à partida obrigatório, explica Maria Antónia Mascarenhas, mas quem se candidata a apoios, por exemplo, tem mesmo de o fazer. É o seu caso. Uma garantia, ou assim espera, que lhe custa “4 mil euros por ano”, um valor mais em conta do que aquele que pagaria se tivesse feito o seguro em conjunto com “outros produtores, através da APPITAD”, a Associação dos Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, de que é associada.
Para além de cirúrgico no território – o granizo afectou outros pequenos […]