Um estudo conclui que houve um aumento da eutrofização das águas na bacia do rio Zêzere, consumida na capital e arredores, na sequência dos fogos florestais de 2017
Uma investigação da Universidade de Aveiro e da Universidade de Lisboa revelou que os incêndios do verão e do outono de 2017 afetaram a qualidade da água da bacia hidrográfica do Zêzere, que abastece a Grande Lisboa, através da albufeira de Castelo de Bode. “As simulações demonstraram um aumento substancial na resposta hidrológica e erosiva, assim como um aumento na concentração de nutrientes, representando um potencial risco de eutrofização, deficiência de oxigénio e redução da biodiversidade”, diz em comunicado Diana Vieira, uma das autoras do estudo.
Os fogos florestais afetaram quase um terço da área da bacia hidrográfica, sublinham os investigadores, o que elevou o risco de degradação da qualidade da água – a erosão dos terrenos, que antes estavam seguros pela vegetação, levou a que enormes quantidades de cinzas e outros sedimentos acabassem no rio. “O aumento da concentração de sedimentos e nutrientes poderá levar ao chamado ‘algae bloom’, que corresponde a uma rápida acumulação de algas na barragem, processo vulgarmente denominado de eutrofização”, aponta Diana Vieira, que pertence ao Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, uma das unidades de investigação da Universidade de Aveiro.
Isto não significa, no entanto, que a população da região de Lisboa está a consumir água “estragada”. Os autores do estudo dizem que os impactos da eutrofização se sentem apenas nos custos de tratamento de água, que podem aumentar, e eventualmente na interrupção temporária do abastecimento. Por outro lado, a má qualidade da água deverá estar a prejudicar os habitats aquáticos.
Discussão sobre este post