O projeto Dourorisk está a ser implementado em Sanfins do Douro, Alijó, e quer conhecer, prevenir e mitigar riscos naturais, como incêndios ou inundações, e aumentar a resiliência do território e da comunidade local às alterações climáticas.
“É um projeto-piloto com vista a desenvolver soluções inovadoras, tecnológicas e replicáveis para desenvolvermos um modelo integrado de gestão de riscos naturais associados a eventos meteorológicos e climáticos compostos, visando reforçar a adaptação das populações às alterações climáticas”, afirmou hoje Hugo Vilela, coordenador global do Dourorisk – Prevenção e Mitigação de Riscos Naturais à Escala Local.
O responsável, que falava à Lusa antes da apresentação do projeto em Sanfins, no concelho de Alijó, disse que se pretende aumentar a capacitação dos agentes locais, como bombeiros, técnicos, autarquias, escolas e população, e a resiliência e a segurança do território.
No final do projeto pretende-se que seja possível em dias como o de hoje, em que o distrito de Vila Real está sob alerta amarelo por causa da depressão Cláudia, antecipar informação sobre os impactos ao nível local.
O comandante dos bombeiros de Sanfins do Douro, Bruno Girão, realçou que quanto mais preparados e adequados à realidade os operacionais estiverem, mais eficaz será a atuação dos voluntários.
Exemplificou que os incêndios estão cada “mais agressivos”, com um “combate mais forçoso e complexo”, e que há situações de chuva intensa, em que o solo não retém a água, provocando derrocadas ou aluimentos.
“Este projeto traz muitas vantagens, porque junta a parte científica, técnica e a aplicação no terreno”, referiu, acrescentando que ajudará a perceber que mudanças estão a acontecer no território, que formação específica é necessária, bem como quais os equipamentos e materiais a adquirir para uma intervenção cada vez mais eficaz.
Bruno Girão destacou, no entanto, a importância da prevenção que “tem que ser sempre feita” pela população, autarquias ou o Governo.
No âmbito do Dourorisk vai ser desenvolvida uma ferramenta digital, inteligente, interativa de georreferenciação, que integrará uma base de dados histórica de eventos, com informação científica e testemunhos da população.
Será ainda implementada uma rede de sensores meteorológicos para recolher dados em tempo real e criado, em Sanfins, um Centro Interpretativo de Riscos Naturais, onde estarão disponíveis materiais pedagógicos e informação científica sobre riscos naturais como incêndios florestais, inundações, movimentos de vertente, ondas de calor ou de frio e nevões.
“As alterações climáticas geram impactos significativos a nível económico, social e ambiental, principalmente nos setores estratégicos como a agricultura, viticultura, o turismo ou a Proteção Civil. Por isso queremos que este seja um espaço de encontro entre ciência e comunidade”, afirmou Hugo Vilela.
O projeto começou em outubro e termina em 2028. Até lá, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) fará um diagnóstico científico dos riscos e seus impactos para a população, que sustentará a ferramenta digital e os conteúdos para o centro interpretativo.
Ana Maria, presidente da Junta de Sanfins do Douro, destacou a importância do projeto para a comunidade e lembrou que a chuva intensa provocou a queda de muros no cemitério da localidade, o que “deu bastante prejuízo”, acrescentando ainda danos nos caminhos rurais.
“Sempre houve situações de mau tempo, mas não tanto como há agora”, apontou, realçando a necessidade da comunidade estar mais alerta.
O Dourorisk foi distinguido no âmbito do programa “Promove. O futuro do interior” – edição 2025, promovido pela Fundação “la Caixa” em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Com um investimento de 200 mil euros, o projeto envolve a UTAD, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sanfins do Douro (AHBVSD) e a Universidade de Vigo (Espanha).








































