Com o objectivo de promover a integração social de jovens e adultos com dificuldade intelectual e de desenvolvimento, nasceu o projecto Germinar, que passa pela integração dos utentes da Delegação de Valença da APPACDM – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, no trabalho na vinha de forma a promover o seu desenvolvimento pessoal, profissional e emocional sempre em função das competências ajustadas a cada perfil de integração.
Trata-se de um projecto social encabeçado pelo Clube de Produtores de Monovarietais do Vinho Verde, promovido pelo Soalheiro, desafiado por um casal produtor de uvas que integra o Club de Produtores – a exploração vitícola L’Campo.
O motor central do projecto é António Matos, que para além de produtor de uvas é também técnico superior de Serviço Social e está a fazer o acompanhamento in loco dos jovens que já iniciaram o trabalho nas vinhas.
«O meio laboral é um grande veículo, catalizador da participação social, onde nos podemos sentir integrados como fazendo parte de algo, co-construtores da sociedade/realidade e de nós mesmos, um lugar onde pode emergir o sentimento de autorrealização», defende o gestor da iniciativa, salientando que «este projecto quer fazer germinar este sentimento nas pessoas».
A expectativa é, em breve, desenvolver um produto que possa autossustentar economicamente esta parceria. Pretende-se uma participação colaborante da sociedade, não numa lógica de caridade, mas numa lógica de reconhecimento da qualidade do produto produzido com a participação destas pessoas, que de outra forma não teriam essa possibilidade.
Para a directora da APPACDM – Centro de Valença, Helena Pereira, «este projecto é uma oportunidade de contribuir para o desenvolvimento de um conjunto de competências inerentes ao trabalho feito diariamente na instituição. Capacitar para o exercício da autodeterminação destes jovens, principalmente focando um sector tradicional da nossa região, fará certamente a diferença no seu futuro». E reforça: «Um vinho que tenha no seu rótulo a génese do trabalho destes jovens, ao ser servido, vai despertar consciências para a igualdade de oportunidades e capacidades e, acima de tudo, consciencializar para a contributo laboral válido que podem dar».
Mas o desafio lançado não fica pelo trabalho na vinha. Os utentes da instituição irão ainda conceber o rótulo e a caixa para o produto final. «O que vamos dar é a energia inicial e ceder a estrutura. A nossa energia é o nosso trabalho. Queremos que o projecto cresça e possa em breve integrar mais gente. É uma obrigação das empresas partilhar o que corre bem com a sociedade. O apoio social deve ser algo inerente à política de desenvolvimento sustentável», afirmam os produtores do Soalheiro.