A Portugal Nuts – Associação de Promoção de Frutos Secos antevê que a campanha de amêndoa deste ano poderá alcançar as 20 mil toneladas de miolo, um crescimento superior a 20%. A última estimativa do INE era de um aumento da produção de 15%, algo que a associação considera que será ultrapassado.
O diretor executivo da Portugal Nuts, António Saraiva, antecipa que, tendo em conta os pomares já instalados, a produção poderá chegar dentro de cinco anos a 30 mil ou 35 mil toneladas. Em declarações à agência Lusa, o responsável nota que, se tal acontecer, Portugal pode integrar o grupo dos cinco maiores produtores do mundo.
Os Estados Unidos da América (EUA) produzem quase 77% da amêndoa no mundo, sendo que Portugal já conta com 1% da produção mundial. António Saraiva antevê a possibilidade de chegar a 4% ou 5%, ultrapassando a Itália ou a Turquia.
O aumento da produção será “um processo gradual”, pois as amendoeiras “vão produzindo um pouco mais até atingir o pico”, explica. O grande contributo para a subida da produção será dado pelos produtores do sul do país, uma vez que estes estão a apostar na cultura “pelo preço e rentabilidade” que esta envolve.
Colheita de amêndoa em 2023 por regiões
Relativamente à colheita deste ano, a análise é dividida por regiões:
- Trás-Os-Montes
- Campanha na fase final;
- Produção deverá superar “largamente” a do ano anterior, uma vez que não ocorreu geadas na floração como no ano passado;
- O rendimento a descasque apresenta-se mais baixo;
- Beira Interior
- Nas plantações de regadio, sem restrições de rega, alguns produtores reportaram maiores calibres e rendimentos do que os que se conhecem na região do Alentejo e significativamente maiores que nas maiores regiões produtoras de Espanha;
- Produção da região em crescimento à medida que os novos amendoais plantados entre 2018-2021 entram em produção e amadurecem;
- Ribatejo
- Colheita em conformidade com o esperado, apesar da falta de prestadores de serviços vocacionados para a colheita e das condições meteorológicas, que dificultaram a programação;
- Ligeiro aumento do volume produzido, devido ao início de produção de alguns dos pomares mais jovens;
- Esperava-se um aumento de produção nos pomares adultos o que não se verificou;
- Alentejo
- A colheita decorreu a bom ritmo, tendo começado no início de agosto, cerca de 10-15 dias mais cedo do que em anos anteriores, e terminado no final de setembro, na maioria dos amendoais;
- As características deste ano agronómico levam a que as amêndoas estejam mais pequenas e com menor peso específico do que em anos anteriores;
- A produção total deve ser superior à do ano anterior, suportada pelo efeito da entrada em produção de novas áreas;
- Algarve
- Os amendoais estão muito envelhecidos e associados à agricultura familiar, normalmente em pomares tradicionais de sequeiro mistos (com alfarrobeiras e oliveiras);
- Produção mais baixa que em 2022;
- Abandono de alguns amendoais devido ao envelhecimento dos produtores.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.