Vai ser preciso ir mais longe na negociação para preservar as especificidades da política agrícola comum (PAC) e dar visibilidade aos agricultores, disse hoje o ministro dos Assuntos Europeus francês, Benjamin Haddad.
Desta forma, contestou o projeto de financiamento da União Europeia apresentado pela Comissão Europeia.
“Vamos ser particularmente vigilantes” sobre as ajudas diretas europeias aos agricultores, durante os dois anos de negociação que se abrem para definir a PAC no período 2028-2034, disse Haddad ao jornal Ouest France.
“A proposta da Comissão preserva os pagamentos diretos, mas é preciso ir mais longe para manter a especificidade da PAC”, acrescentou.
A França, e outros Estados membros, segundo Haddad, contestam a importância dada à agricultura no projeto que prevê que parte dos financiamentos europeus sejam feitos a um fundo específico, onde os Estados membros podem decidir o destino das verbas, se para a agricultura, se para outros fins.
“Os nossos agricultores precisam de visibilidade quanto aos seus rendimentos, e de estabilidade quanto à forma como vai ser pago o dinheiro da PAC. (…) Acredito que é preciso que a nossa visão sobre a agricultura seja verdadeiramente inscrita muito claramente no orçamento europeu. Já tivemos vários Estados membros a lembrá-lo hoje no Conselho ao comissário do Orçamento”, disse.
A proposta de reforma da PAC para o período 2028 a 2034 foi apresentada na quinta-feira e suscitou de imediato a ira do setor.
Prevê uma base de 300 mil milhões de euros para o período, abaixo dos 387 mil milhões do período precedente (2021 a 2027).
Mas a Comissão rejeita a ideia de uma baixa, porque propõe uma alteração da arquitetura orçamental, com a criação de um fundo vasto, para o qual os Estados também podem contribuir.
“Vamos bater-nos por cada euro da PAC: a manutenção do rendimento dos agricultores (…), mas também todas as ajudas ao investimento, para que não sejam diluídas em outros rendimentos”, disse Haddad.