Ainda que os produtos de origem local transmitam confiança, o preço continua a ser visto como um entrave, pelo menos para 72% dos inquiridos portugueses. E é também um dos principais fatores que os portugueses têm em conta na hora de fazer compras alimentares (54%), de mobiliário e vestuário (84%). Ainda assim, 52% revelam que estão dispostos a fazer um esforço financeiro suplementar para os adquirirem, entre os 5% e os 10% face a produtos com outra origem.
Um dos motivos que parece motivar os consumidores a consumir produtos de origem local é a confiança, baseada no conhecimento da sua proveniência. Pelo menos para 94% dos inquiridos que consideram que o fabrico nos respetivos países constitui uma garantia, enquanto que 93% partilha desta mesma opinião relativamente a produtos regionais.
Mas se a qualidade se encontra claramente associada aos produtos locais, a posição dos europeus é mais complexa no que respeita aos preços. Para 64% dos europeus, os produtos locais são dispendiosos e 72% dos inquiridos portugueses parecem concordar com esta afirmação.
No entanto, este aspeto parece não constituir um grande obstáculo ao desenvolvimento do consumo local e 2 em 3 consumidores estão dispostos a fazer um esforço financeiro suplementar para adquirir produtos locais. Os inquiridos italianos são os que se mostram mais dispostos (75%).
E qual o esforço financeiro que os europeus se encontram dispostos a fazer? Mais de metade dos inquiridos europeus (58%) consideram aceitável um esforço financeiro entre os 5% e os 10%. Ligeiramente mais contidos, 52% dos consumidores portugueses também estariam dispostos a fazer o mesmo esforço.
Quais os fatores que influenciam a escolha?
Conforme revelado em edições anteriores do Observador Cetelem Consumo, os europeus são e continuam a ser, cidadãos pragmáticos do ponto de vista socioeconómico. Em todos os inquéritos relativos aos fatores que influenciam a aquisição de produtos em cinco sectores de consumo relevantes (vestuário, produtos tecnológicos, alimentação, mobiliário e produtos de higiene e beleza), surgem invariavelmente dois critérios independentemente do tipo de produto: preço e qualidade.
Estes critérios, que parecem imutáveis, são sistematicamente referidos, com mais de 50% respostas afirmativas.
Relativamente aos produtos alimentares e para a grande maioria dos países europeus inquiridos, os critérios de escolha incidem essencialmente no preço (53%), qualidade (51%) e sabor (41%). E os portugueses não são exceção com 62% dos inquiridos a referir o preço, 62% a qualidade (54%) e apenas 30% o sabor.
Nos restantes setores, o preço e a qualidade formam um duo sólido como critérios de escolha, aos quais se acrescenta um terceiro critério variável. No caso do mobiliário, o estilo é referido por 44% dos consumidores, imediatamente após o preço e a qualidade, referidos por 70% e 59% dos consumidores, respetivamente.
Também aqui os consumidores portugueses estão acima da média europeia, com 84% a referir o preço, ,a qualidade e o estilo a serem mencionados por 65% e 48% respetivamente.
Quanto ao vestuário, o estilo ocupa o terceiro lugar (46%), enquanto o preço é referido por 69% dos inquiridos e a qualidade por 62%. Os portugueses são os que mais importância dão a estes três fatores: preço (84%); qualidade (69%) e estilo (49%).
Parceiros e Metodologia
Para o Observador Cetelem Consumo 2019, os inquéritos quantitativos aos consumidores foram conduzidos pela Harris Interactive entre 27 de novembro e 10 de dezembro de 2018, numa amostra de 13 800 indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 75 anos. Os inquéritos foram realizados através de entrevistas pessoais assistidas por computador (CAPI). Os indivíduos inquiridos fazem parte de amostras nacionais representativas de cada país. A representatividade da amostra total foi garantida através do método de quotas (género, idade, PCS/rendimentos, região). País: França (FR), 1 O00 indivíduos inquiridos. Alemanha (DE), Áustria (AT), Bélgica (BE), Bulgária (BG), Dinamarca (DK), Espanha (ES), Hungria (HU), Itália (IT), Noruega (NO), Polónia (PL), Portugal (PT), República Checa (CZ), Roménia (RO), Reino Unido (UK), Eslováquia (SK), Suécia (SU): 800 indivíduos inquiridos por país.