Em Julho de 2016, quando Portugal passou às meias finais do Europeu, um grupo de agricultores envolvidos no espírito de entusiasmo e união que então se vivia no país decidiu escrever com tratores num campo o apoio à selecção de futebol. O nosso objectivo era escrever “Força Portugal”, mas não houve tratores suficientes, por isso escrevemos Portugal, sublinhámos, cantámos o hino e o resto do Europeu correu bem até à dramática vitória final.
Neste mundial houve menos união e mais polémica à volta da selecção nacional mas ainda assim ficámos entre as oito melhores equipas do mundo.
Eu às vezes também acho que damos demasiada importância a 11 homens que correm atrás de uma bola, mas, tal como lembrava ontem um amigo, não há muitas outras atividades em que Portugal esteja entre os melhores do mundo, com melhores jogadores, treinadores e isto é ainda mais impressionante quando temos apenas 10 milhões de habitantes face a países muito maiores e com muito mais gente para escolher possíveis talentos.
O futebol é mau exemplo na violência das claques e na corrupção mas deve ser também motivo de estudo como exemplo para termos a mesma ambição de sermos os melhores do mundo noutros sectores de atividade e noutros aspetos da vida do nosso país.
Há 20 anos, numa viagem ao Canadá, um taxista, de origem paquistanesa, perguntou de onde éramos. “Portugal” . “Portugal? Figo!” Luís Figo tinha sido o melhor jogador do mundo em 2001. Hoje o fenómeno “Ronaldo” é muito superior, com todo o trabalho na marca CR7 e com a sua visibilidade na comunicação social e nas redes sociais.
É natural estarmos tristes porque a nossa equipa perdeu quando parecia ter capacidade para mais, mas isso também faz parte da magia do futebol. Não basta colocar o valor de mercado das seleções numa folha Excel e colocar por ordem decrescente. Um ressalto, um momento de inspiração ou azar podem ajudar a vender os favoritos.
O futebol é também um impressionante “elevador social” que permite a muitos passarem da pobreza para um nível de vida muito melhor, serve de motivação para muitos que não chegam tão alto e é motivo de convívio e união para os adeptos de todo o mundo que se deslocam ao estádio, ao café, a casa de amigos ou em família, é é a única coisa que nos faz cantar o hino nacional e colocar bandeiras à janela. Venha o resto do mundial e que traga bons jogos de futebol e venham as próximas competições para voltarmos a sonhar, a sofrer e a festejar.
#carlosnevesagricultor
O artigo foi publicado originalmente em Carlos Neves Agricultor.