Com a região de Trás-os-Montes cada vez mais tomada pelo eco mudo da desertificação, os agricultores estão a apostar nas máquinas para a colheita da azeitona e a tendência é para ficar.
Nas alvoradas frias como as de agora, entre os meses de Novembro e Dezembro, homens e mulheres em Trás-os-Montes rumavam aos olivais, onde se estendiam as lonas verdes pelas terras ainda brancas das geadas da noite anterior e começavam a apanhar o fruto que, no final, resultava no chamado “ouro transmontano”.
Como qualquer ouro ou diamante, a tradicional apanha da azeitona tinha em si um outro brilho para além do seu mero valor. Não representava apenas o árduo trabalho agrícola pelas mãos dos transmontanos, mas também os momentos de confraternização debaixo das oliveiras, onde se ouviam histórias e o frio se combatia a cada “lona despejada”.
No entanto, numa região onde a falta de mão-de-obra na agricultura já não é novidade, a apanha da azeitona não é excepção e os sorrisos e palavras dos vizinhos, que “iam deitar a mão a ajudar”, são substituídos pelo barulho ensurdecedor das máquinas.
Quem percorre nas últimas semanas o concelho de Mirandela, no distrito de Bragança, já se começa a acostumar às grandes máquinas frontais e traseiras atreladas aos tractores.
Nesse concelho, na freguesia de Aguieiras, Luís José, produtor de azeitona para venda e consumo de azeite, fez este ano um investimento “que não esperava”, mas a falta de homens para manusearem a tradicional varejadora obrigou-o a apressar-se na compra de uma máquina maior, “antes que o fruto fosse todo para o chão”.
“Antigamente, tinha um vizinho que vinha sempre ajudar-me. Mas os anos passam e a robustez física das pessoas não é sempre a mesma e tive de fazer um investimento, na ordem dos 20 mil euros, para comprar uma máquina de colheita vibratória para o tractor”, explicou Luís José.
Com esta aquisição […]