O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, afirmou esta segunda-feira que prevê que Portugal consiga no próximo programa-quadro europeu de investigação e inovação, “duplicar a meta” de financiamento e atrair “dois mil milhões de euros”.
“Portugal tem uma estratégia para duplicar para a próxima década a participação e atração de financiamento. Em termos globais, Portugal tem atraído 1.65% do orçamento europeu, o que é muito positivo, e queremos chegar aos 2%. Se olharmos para o período atual, para o Horizonte 2020, devemos atrair cerca de mil milhões de euros e queremos no período seguinte (Horizonte Europa de 2021-2027) atrair dois mil milhões de euros”, frisou Manuel Heitor, à margem da ‘ERC Summit 2019’ que decorre hoje no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Braga.
Em declarações à agência Lusa, o governante salientou que 2018 foi “o melhor ano desde sempre” com a atração de 174 milhões de euros de financiamento europeu, e que a partir de 2020 prevê “atrair 250 milhões de euros (de financiamento) por ano”. “Por isso estamos a trabalhar não só com Espanha, mas com outros países porque para atrair mais financiamento europeu e para termos na Europa mais presença portuguesa temos de criar consórcios com todos os países e temos também de ter empresas”, disse.
Segundo Manuel Heitor, parte do esforço para atrair financiamento europeu para Portugal está “dependente do envolvimento ativo de empresas”, da “sofisticação crescente” e da “capacidade empresarial portuguesa”, uma vez que “é forte a dimensão empresarial” das verbas financiadas pelo programa-quadro de investigação e inovação europeu, Horizonte 2020.
“É preciso ter recipientes, nomeadamente, uma atividade empresarial sofisticada, e isso faz-se com emprego, por isso a relação entre a ciência e o emprego é crítica para a construção do projeto europeu como aqui vemos, e acreditamos quer do ponto de vista empresarial que a ciência ajuda a criar mais empregos, como do ponto de vista da ciência que, colaborando com as empresas, consegue criar mais riqueza e por isso investir mais na ciência”, apontou.
À Lusa, Manuel Heitor acrescentou que no seguimento da estratégia levada a cabo pela tutela desde 2016, pretende até 2030 chegar aos 3% da despesa do PIB em investigação e desenvolvimento, o que implica nos próximos 12 anos “duplicar a despesa pública e multiplicar por quatro a despesa privada”.
“Por outras palavras, isto quer dizer que há cerca de dois mil novos empregos qualificados nas empresas, e por isso é que esta relação entre as empresas e a comunidade científica é tão importante. (…) A colaboração empresa/universidade e universidade/empresa é cada vez mais crítica para o desenvolvimento económico”, concluiu.
Durante a cimeira ERC Summit 2019, que reúne esta segunda-feira investigadores portugueses e espanhóis beneficiários de bolsas atribuídas pelo European Research Council, o Ministro da Ciência, Inovação e Universidades de Espanha, Pedro Duque, realçou “os diferentes projetos e colaborações” entre Portugal e Espanha na área da computação avançada, no centro internacional de investigação do atlântico e em vários projetos transfronteiriços.
“Eu e o Manuel Heitor temos impulsionado a realização de cimeiras para mostrar a investigação e ciência de excelência que existe na Península Ibérica. (…) acreditamos que colaboramos para a investigação científica que se produz na Europa”, disse Pedro Duque durante a sessão que juntou no INL mais de meia centena de investigadores.