Em Portugal a cultura do pistácio ou pistacho é pouco conhecida, tecnicamente recomendada para grandes superfícies de cultura, havendo ótimas condições de solo e clima em amplas regiões do Interior de Portugal: regiões com solos bem drenados, moderadamente ácidos a alcalinos, pedregosos, baixa a média fertilidade e com clima continental, oscilando entre invernos muito frios (mais de 600 horas de frio invernal) e muito calor de verão (mais de 3000 unidades de calor) baixa humidade relativa atmosférica na primavera e no verão e baixas precipitações em abril, maio e setembro. Tira partido da estrutura de equipamentos que fazem a mecanização do olival: destroçador de martelos, pulverizador, vibrador e equipamento de recolha mecanizada do fruto (guarda chuva invertido), etc. Uma pessoa a tempo inteiro pode cuidar de 50 hectares de plantações de pistácio, dado tratar-se de uma atividade altamente mecanizada com necessidade de alguma mão de obra para as podas de inverno e de primavera/verão, controlo de infestantes na linha, rega e fertirrigação. A plantação do pistácio ou pistacho pode ser realizada como cultura agrícola em sequeiro ou regadio ou ainda como exploração florestal. Em regadio, tira partido do sistema de rega em gota a gota e fertirrigação automáticos, recomenda-se ao recurso aluguer/prestação de serviços da estrutura de mecanização do olival. O modelo de produção de regadio é capaz de gerar crescimento das árvores fazendo com que atinjam a plena produção ao 6.º ano, assenta no sistema de condução em vaso, entrelinha de 7 m e distância na linha de acordo com o vigor da variedade e fertilidade do solo. Quando instaladas as plantas em situações que possuem aptidão de solos e climas não há problemas significativos de pragas e doenças podendo de forma simples serem produzidos pistácios/pistachos no modo de produção biológico.
A rentabilidade da cultura em regadio indica que a dimensão mínima de plantação para instalar um jovem agricultor é de cinco hectares devendo ser pelo menos 2,5 vezes mais superfície para sequeiro. O valor de investimento por hectare na plantação (plantas, tutores, protetores, sistema de rega gota a gota, fertirrigação automática e correção de solo, tração, mão de obra) variam de 16 500 euros a 22 000 euros. Acrescem os valores de investimento, caso sejam necessárias, em construções, melhoramentos fundiários e outros equipamentos, os quais podem apresentar variações muito acentuadas em função do que já existe, da dimensão da exploração, região, capacidade de gestão do empreendedor, etc. A recuperação do capital investido pode ser realizado entre 6 a 10 anos em regadio e o dobro do tempo para sequeiro, prevendo-se que as plantações durem pelo menos 50 anos com produtividades e qualidade de produções, estas garantem a rentabilidade económica e financeira do negócio.
A comercialização do pistácio/pistacho pode ser feita através de empresas, sociedades anónimas detidas exclusivamente por produtores de pistácio/pistacho, podendo os seus acionistas produtores estarem instalados ao longo de todo o território continental de Portugal. Estas empresas devem prestar assistência técnica aos seus associados desde que a plantação esteja instalada e recolher, descascar e comercializar valorizando os pistácios/pistachos produzidos pelos seus associados através do seu armazenamento, normalização, embalagem, colocação no mercado dos frutos, sobretudo na exportação. Logo que estas Entidades tenham condições formais devem pedir e obter o reconhecimento formal como organização de produtores (OP), segundo a legislação europeia e portuguesa. E.g. Frusytach semelhante ao que se passou nos pequenos frutos com a Bfruit, sociedade anónima que se formou em setembro de 2013 e que nesta altura está reconhecida como O.P. para os pequenos frutos e demais frutos.
O negócio do pistácio
A cultura do pistácio é altamente recomendada para os regadios do Interior de Portugal, regiões onde predomina o clima continental, seja Trás os Montes, Beiras e Alentejo.
Apresenta margem bruta elevada, o que significa alta rentabilidade para o produtor, é muito grande a diferença em valor absoluto e percentual, entre o rendimento bruto e os custos de produção (quatro a seis vezes).
Há forte procura no mercado internacional dos frutos de pistácio/pistacho o que favorece a exportação. Tal como os outros frutos secos têm propriedades antioxidantes e probióticas, em linha com as preocupações do consumidor atual e futuro, o qual busca produtos seguros e nutritivos, grandes benefícios para a saúde na prevenção de doenças cardiovasculares e pelas suas propriedades anticancerígenas.
Há forte crescimento na procura por parte da China e da União Europeia.
O consumo irá aumentar de forma exponencial à medida que aumentar a oferta e os preços ao consumidor sejam menos especulativos, pois cada consumidor irá incrementar o respetivo consumo e será alargado o seu número.
Sendo a União Europeia um grande consumidor, há pouco tempo atrás, um especialista espanhol na cultura do pistácio/pistacho, indicou que são necessários mais 120 mil ha de plantações para satisfazer este mercado. Isto cria uma oportunidade competitiva para os pistaciocultores/pistachocultores portugueses porque estão dentro do mercado europeu com vantagens de logística de transporte, fornecimento e segurança alimentar, face aos grandes produtores mundiais.
Autor: José Martino | Presidente do Conselho de Administração da Fruystach
Publicado na Voz do Campo n.º 213 (março 2018)
O artigo foi publicado originalmente em Voz do Campo.