A Comissão de Economia do parlamento dos Açores decidiu hoje ouvir quase uma dezena de instituições a propósito de uma petição, entregue na Assembleia, subscrita por uma única pessoa, situação que gerou o protesto de um dos deputados.
“Isto é uma petição que nem devia ser admitida e a gente está aqui a fazer audições e a perder o nosso tempo, como se isto fosse um estudo final sobre os problemas da decadência do preço do leite! Isto é um absurdo”, lamentou Nuno Barata, deputado da Iniciativa Liberal, perante a quantidade de audições propostas pelos restantes partidos.
Os deputados da Comissão de Economia decidiram ouvir, a propósito da petição sobre o “preço do leite pago aos produtores na ilha de São Miguel”, o primeiro e único subscritor do documento, Rui Oliveira, produtor agrícola, e também o secretário regional da Agricultura e Florestas, a Federação Agrícola dos Açores e o Centro do Leite e Laticínios, de forma presencial.
Além destas audições, a Comissão de Economia deliberou ainda requerer pareceres, por escrito, às associações agrícolas da ilha de São Miguel, à Câmara do Comércio e Indústria dos Açores, à ANIL – Associação Nacional das Industriais de Laticínios e ainda aos representantes da distribuição, relativamente a esta matéria.
“Uma carta dirigida à Assembleia está a fazer-nos ouvir quase metade deste mundo e do outro”, ironizou o deputado liberal, recordando que, apesar de estarem a decorrer estudos sobre esta matéria, o parlamento açoriano “vai ouvir, outra vez, as mesmas pessoas sobre o mesmo assunto”.
Na carta enviada à Assembleia Legislativa dos Açores, que foi agora admitida pela Comissão de Economia, Rui Oliveira queixa-se que os custos de produção da sua atividade profissional “têm subido exponencialmente” e que a sua única fonte de receita (a venda do leite cru entregue em fábrica) não tem acompanhado o mesmo nível de crescimento.
“Daí resulta uma situação de sufoco diário, sem saber como tentar melhorar o maneio da exploração para fazer face aos custos da mesma, já nem falo em lucro, simplesmente ter dinheiro para viver diariamente”, alertou aquele produtor agrícola, alegando ter deixado de cumprir com algumas das suas obrigações, como, por exemplo, pagar a fornecedores.
A Comissão de Economia deliberou ainda contactar o único subscritor da petição para que tente reunir mais assinaturas, no sentido de o abaixo-assinado poder vir a subir a plenário e ser discutido por todos os deputados.