Mais cedo ou mais tarde, com mais ou menos diplomacia, com mais ou menos justiça, haverá paz na Ucrânia. Espero que seja mais cedo do que tarde, porque a guerra é algo muito mau e espero que seja com o máximo possível de diplomacia, respeito e justiça, porque uma paz sem justiça é uma paz podre.
Qualquer que seja o futuro que agora nos parece incerto, uma coisa parece certa: vamos gastar mais dinheiro com a defesa. Seja para a guerra efetiva, seja para a paz, porque “quem quer a paz prepara-se para a guerra”, seja para reconstruir a Ucrânia destruída pelas bombas, seja para integrar a Ucrânia na União Europeia, isso vai custar dinheiro.
Um orçamento, nacional ou comunitário, é sempre uma escolha na gestão de uma manta curta. Para tapar uma coisa destapa-se outra. Temos de estar conscientes que aumentar o orçamento da defesa irá pressionar cortes nos outros setores, como a agricultura.
Governar é fazer escolhas e as escolhas atuais não são fáceis nem são simples como pode parecer quando teclamos furiosamente no telemóvel e vivemos em bolhas informativas, com manipulação cada vez mais sofisticada. Convém manter o espírito aberto para ponderar entre os valores que não podemos esquecer e as limitações da realidade com que temos de viver. Convém estudar a história para não repetir os erros do passado e antecipar o que pode acontecer. O meu pai lembrava muitas vezes que “a história é uma velha chata que se repete com frequência”.
Quando estive em Paris com a família há poucos dias, pelo interesse de visitar o túmulo de Napoleão, fomos visitar o museu militar que fica nos “Invalides”, o antigo hospital para os feridos da guerra. Num museu repleto de armas, chamou-me a atenção este cartaz do Ministério da agricultura francesa na primeira guerra mundial, “Semear batatas, pelos soldados, pela França”. Lembra-nos que o povo e os soldados precisam sempre de comer. A agricultura faz parte da segurança estratégica de um país ou de uma comunidade democrática, como devemos defender que seja a Europa.
#carlosnevesagricultor
O artigo foi publicado originalmente em Carlos Neves Agricultor.