No pressuposto de que as previsões meteorológicas se verificam, parece-me que os próximos dias podem ter alguns fogos de alguma dimensão, alguma complicação aqui e ali, mas não estão previstas condições verdadeiramente dramáticas.
É verdade que há temperaturas altas, mas a humidade e o vento são muito mais importantes na criação de condições para fogos dramáticos. Se é verdade que a humidade é bastante baixa em muitos dias, aparentemente à noite recupera e o vento será de maneira geral fraco.
Seria uma boa situação para ensaiar uma doutrina de combate que nos permitisse ir criando imunidade contra os mega incêndios: deixar arder o que não são povoamentos florestais, infraestruturas, casas e instalações de valor económico, e melhorando a capacidade de preparar a paragem do fogo onde queremos, protegendos os usos vulneráveis, isto é, os usos que não sendo forçosamente aqueles em que o fogo lavra mais facilmente, são aqueles em que os efeitos negativos do fogo são mais expressivos.
Pelo contrário se continuarmos com a doutrina de apagar os fogos o mais rapidamente possível, logo que eles são detectados, com o objectivo de quebrar as cadeias de contágio do fogo, mais ou menos como se fôssemos atrás das ignições e não dos prejuízos causados pelo fogo, o resultado só pode ser o que tem sido nos últimos anos: um território em que as cadeias de contágio do fogo são tão poderosas que quaisquer condições favoráveis ao fogo dão origem a mega incêndios dramáticos e socialmente desastrosos, para além de um permanente credo na boca de cada vez que há uma ignição, e haverá sempre ignições.
Finalmente escrevi um post que não é sobre a epidemia, já tinha saudades.
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