Um “Organismo Geneticamente Modificado (OGM)” é qualquer organismo cujo material genético (ADN) tenha sido modificado de uma forma que não ocorre naturalmente. Mais de 95% de todas as plantas transgénicas cultivadas para fins comerciais pertencem a quatro espécies: soja, milho, algodão, colza e arroz.
A utilização de sementes de variedades OGM traz algumas vantagens para os agricultores, segundo o Anuário Agrícola de Alqueva de 2017, já disponível online, tais como:
- Tolerâncias a herbicidas – As plantas podem ser modificadas de modo a terem resistência a produtos químicos como os pesticidas e os insecticidas. Com isto, os agricultores podem usar as quantidades de químicos desejados para acabar com as pragas e assim obter um Maior aumento de produto no final de cada época;
- Tolerância a insectos – As culturas transgénicas podem ser munidas de genes que lhes confiram resistência às suas pragas naturais. Com isto, é desnecessário o uso de químicos como os pesticidas na agricultura, uma vez que a própria planta se “protege sozinha”, contribuindo assim para reduzir a poluição ambiental.
- Redução do uso de fertilizantes – Alguns frutos são munidos de genes capazes de os fazer aumentar o seu tamanho naturalmente sem precisarem de ser utilizados fertilizantes e outros químicos nas culturas para os tornarem maiores e mais apetecíveis.
Desvantagens
Na utilização não existem só vantagens. O Anuário enumera-se algumas desvantagens na utilização destas culturas:
- Poluição do ambiente;
- Redução da biodiversidade;
- Poluição genética;
- Perigo para os agricultores
Explicam os técnicos do Anuário, , da responsabilidade da EDIA — Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva, que a existência de culturas transgénicas “pode prejudicar aqueles agricultores que não as utilizam”.
Isto porque “sempre que há contaminação genética de culturas convencionais por grãos de pólen transgénicos, essas culturas passam a ser transgénicas e as empresas responsáveis pelo fabrico das sementes transgénicas têm o ‘direito’ de ficar com a posse dos terrenos agrícolas porque agora passaram a ser as suas sementes que constituíam os campos agrícolas, e o proprietário para além de ficar sem as suas culturas ainda fica sujeito a pagar uma indemnização por ter ‘usado’ sementes que não eram dele”.
Milho MON 810
Segundo os agricultores que utilizam o milho MON 810, a principal vantagem é evitar perdas de cerca de 20% a 30% da produção por ataque da praga broca do milho.
Tendo em conta os valores actuais (2016) um agricultor que tenha de média de produção cerca de 15 ton/ha, uma perda de 20% representa 3 ton. de produção. Com o custo de produção do milho de 2.200 €/ha e com a tonelada de milho paga a 170 €/ton, as perdas representam 500 €.
A perda deste rendimento é o suficiente para o agricultor perder rentabilidade, salientam os técnicos das EDIA.
Com a utilização do milho MON 810, os agricultores conseguem também reduzir o dinheiro gasto com os tratamentos contra a broca do milho, ou seja, para além do acréscimo de produção (com a redução das perdas), ainda economizam nos produtos fitofarmacêuticos a aplicar, ficando a conta de cultura com um valor total mais baixo.
O Anuário
A elaboração deste documento, da responsabilidade da EDIA, resulta da recolha de informação sobre as culturas, junto de especialistas, de produtores da região, informação de documentos, artigos e outra bibliografia publicada e disponibilizada pelas várias entidades do sector.
Pode consultar o Anuário Agrícola de Alqueva aqui.
O artigo foi publicado originalmente em Agricultura e Mar.