A ministra da Agricultura quer incluir vários Ministérios na Agenda de Inovação para a Agricultura 2030 e estabelece como meta concretizar a transição digital para centralização de processos num só portal e debelar o “desafio demográfico”.
Uma agricultura mais sustentável e baseada na inovação e um regresso às origens mas com olhos postos no futuro. São estas as bases da Agenda de Inovação para a Agricultura 2030 que esta sexta-feira é apresentada pelo Governo.
Em entrevista à TSF, Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura, diz que o compromisso do Governo é criar “uma agricultura mais competitiva, mais comprometida com a valorização dos recursos naturais, que incorpore inovação, tecnologia, que possa estar mais baseada em conhecimento e que possa ser o alicerce para garantir a nossa autonomia estratégica, não só por fomento das cadeias curtas da pequena agricultura, como por uma diminuição das importações e um aumento, nas nossas áreas estratégicas, das exportações”.
Na perspetiva da governante, o “desafio demográfico” torna necessário “promover uma regeneração geracional” e criar “políticas de inclusão cada vez mais assertivas”, mas o Ministério da Agricultura destaca ainda o “desafio da transição digital e da utilização da tecnologia”, que leva a que “o setor também tenha de se adaptar”, uma tarefa para os próximos dez anos.
Maria do Céu Antunes acredita que a reforma na agricultura só será efetiva se todas as pastas fizerem esforços conjuntos. “Se estes eram objetivos que traçámos no início da legislatura, com este contexto pandémico, claramente viemos a reforçar esta necessidade de ter um instrumento que mobilize, não só o Ministério da Agricultura, como os agricultores, os produtores, todo o complexo agroindustrial, mas também que junte à volta desta estratégia outras áreas governativas, nomeadamente as áreas da Ciência e da Tecnologia, da Coesão, do Ambiente, do Planeamento, da Educação, e outros agentes de política pública, como as autarquias, os politécnicos e universidades e centros de competência nesta matéria.”
A Agenda visa, não só aumentar a produtividade agrícola, com atenção ao ambiente e às alterações climáticas, como pensar na saúde, ao garantir uma nutrição equilibrada e reduzir as doenças crónicas.
Entre as 15 iniciativas estabelecidas, a governante destaca o Portal Único da Agricultura: “Depositamos as maiores expectativas, porque vai possibilitar simplificar a vida do agricultor e dos organismos do Ministério da Agricultura.” O portal único será um “sistema todo ligado entre si para evitar redundâncias, para evitar falhas que acontecem, nomeadamente quando é necessário introduzir dados em diversos sistemas, onde muitas vezes essa introdução é feita de forma manual”, o que provoca uma “perda de tempo”, recurso que a ministra diz ser “precioso” para desenhar respostas céleres para um “futuro melhor”.
“Queremos que o agricultor se relacione apenas através de uma porta de entrada. O sistema tem de ser suficientemente inteligente para fazer chegar essa informação a quem tem de a trabalhar.”