O uso de óleo de palma em combustíveis usados em Portugal disparou desde o ano passado, lamentou esta quarta-feira a associação Zero, que quer acabar durante 2020 com o recurso a um material que fomenta a destruição de florestas.
Em comunicado, a Zero afirma que o consumo de óleo de palma na produção de biodiesel e para juntar ao gasóleo nos postos de combustível “quintuplicou em 2018” para 38 milhões de litros, um crescimento “insustentável” que vai quase todo para a refinaria da Galp em Sines, onde é transformado num biodiesel que é adicionado ao gasóleo rodoviário.
Quase 90% do óleo de palma que Portugal importa vem de países como a Indonésia e a Malásia, onde a produção de óleo de palma – mais barata do que a colza ou a soja – é responsável pela desflorestação, drenagem de turfeiras e ameaça espécies como o orangotango ou o elefante pigmeu.
“É fundamental que o atual Governo e os diferentes partidos políticos candidatos às próximas eleições legislativas se comprometam” com o “abandono até ao final de 2020 da utilização do óleo de palma para a produção de biocombustíveis e como elemento incorporado no gasóleo comercializado em Portugal”, defende a Zero.
À Galp, exige-se “um papel pioneiro e ambientalmente responsável junto dos consumidores”, optando por outra matéria prima, afirma a associação.
A nível europeu, o óleo de palma é cada vez mais utilizado para queimar como combustível (65% de todas as importações) e menos na alimentação.
Em 2018, foram usadas quatro milhões de toneladas de óleo de palma importado em refinarias europeias para produzir biocombustível, bem como 1,2 milhões de toneladas de biodiesel com óleo de palma produzido fora da União Europeia, acrescenta a Zero, que cita dados da referência da indústria para os mercados de óleos vegetais.
O crescimento registado nesse ano deve-se em parte ao fim dos direitos contra o ‘dumping’ (venda abaixo do custo de produção) de biodiesel de óleo de palma produzido na Indonésia e de biodiesel de soja da Argentina.
A União Europeia classificou este ano o óleo de palma como insustentável e determinou que deve ser eliminado entre 2023 e 2030, datas que poderão ser antecipadas.