Há importadores nos EUA a pedir “tudo quanto haja” e espanhóis a calcorrear o Minho às procura das melhores uvas de Loureiro. Os japoneses apelidam o vinho de “sushi wine”.
O carácter vibrante e expressivo, com intensidade fresca, equilíbrio e elegância, sempre conferiram aos vinhos da casta Loureiro um perfil muito atractivo e consensual. Mas o mundo está agora também atento às suas qualidades para fazer brancos mais sérios, gastronómicos, complexos e estruturados, e com extraordinária capacidade de envelhecimento. E há também quem já tenha percebido que esta pode bem ser a nova coqueluche dos vinhos portugueses.
À semelhança daquilo que fez com os Alvarinho, há mais de 20 anos que Anselmo Mendes anda a estudar e a experimentar o comportamento da casta, ao mesmo tempo que aumenta a sua área de produção. Ao todo, tem já mais de 50 hectares de Loureiro espalhados por várias propriedades no vale do Lima, desde a proximidade do mar, em Viana do Castelo, até aos limites de Ponte da Barca, onde a influência atlântica já não é tão acentuada e o clima assume características mais continentais.
Conhecido como “senhor Alvarinho”, pelo consistente trabalho de valorização da casta, o enólogo caminha a passos largos para receber também o epiteto de promotor da Loureiro. “Quando bem cultivada, é uma casta com enorme potencial. O mundo está agora a descobri-la e os nossos clientes, sobretudo nos Estados Unidos, Canadá e países do Norte da Europa, pedem-nos tudo quanto haja”, diz o enólogo dando conta de que, tal como acontece com o Alvarinho, há já também espanhóis a calcorrear o Minho às procura das melhores uvas de Loureiro.
Pioneira na aposta de valorização da casta, já em 1990 a Quinta do Ameal se voltava em exclusivo para os Loureiro com o objectivo de produzir vinhos sérios, com foco na qualidade e capacidade de evolução, e avançando mesmo com experiências de estágio prolongado e utilização de barricas. Uma afirmação que se fez igualmente de fora para dentro, através da exportação, mas que ganhou raízes também por cá, tendo atraído um dos gigantes do negócio, a Herdade do Esporão, que é hoje dona da propriedade.
E foi também atenta à crescente procura pelos vinhos da casta nos mercados internacionais que a Aveleda avançou com estudos em diversos tipos de solos e diferentes vinificações. Neste caso também com outras das castas mais utilizadas nos Vinhos Verdes, mas foi claramente nos Loureiro que obtiveram resultados mais entusiasmantes, tendo avançado com um projecto inédito na região de plantação em encosta, em terrenos conquistados à montanha. Em Cabração, Ponte de Lima, estão já em início de produção 70 hectares de vinhas de Loureiro, sendo que o projecto foi pensado para poder avançar até aos 200 hectares.
O propósito é dar resposta às crescentes solicitações dos clientes da exportação, onde os Loureiro de topo são vendidos a preços que podem multiplicar várias vezes os do mercado nacional. Outro exemplo é o da empresa Lua Cheia, que tem chegado sempre à Primavera com o stock esgotado, apresar do quase meio milhão de garrafas que já produz com as uvas dos cerca de 50 hectares de […]