Ontem colhemos mais uma parcela de milho grão, poucas horas antes da chuva chegar. Desta vez, um milho diferente, com plantas mais baixas, espigas mais pequenas e grãos pequenos e redondos. Apesar do aspecto, não é milho para pipocas, mas apenas milho de grão redondo e pequeno, ideal para alimentação animal, por exemplo das galinhas. Tem a vantagem de ter um ciclo de vida mais curto, portanto amadurece mais rápido, podendo dispensar os banhos de sol na eira ou a ida ao secador. Sendo mais precoce e tendo menos crescimento, precisa de menos água, podendo ser cultivado em sequeiro se for semeado cedo para aproveitar as chuvas da primavera. Este “milho miúdo” para as galinhas é muito apreciado por ter uma cor intensa que torna as gemas dos ovos das galinhas mais amarelas. Tem ainda a vantagem de ser pago a um preço superior mas, porque não há bela sem senão, é muito menos produtivo que o milho de grão “dentado”, em forma de “cunha”, que usamos normalmente para produzir “milho silagem” ou “milho grão” para moer e fazer farinha também para alimentação animal.
E o milho vermelho, para que serve? Esta espiga é produção do nosso quintal a partir de outra espiga que pedimos a um agricultor vizinho há alguns anos atrás, quando levou um reboque cheio delas num cortejo de oferendas para a igreja. Hoje usamo-lo apenas para fazer arranjos, como adorno. Antigamente colocavam-se algumas espigas desse milho vermelho no monte das espigas a desfolhar na eira e quem tivesse a sorte de encontrar uma dessas espigas gritava “milho-rei” e tinha direito a dar abraços e beijinhos a todo o grupo que participava no convívio que era a desfolhada tradicional.
Dentro de cada um destes tipos de milho há imensas variedades que os nossos antepassados foram escolhendo e apurando, nomeadamente as variedades de “milho branco” usadas para fazer pão. Nas últimas dezenas de anos esse trabalho de selecção passou a ser feito por empresas que vão cruzando, experimentando e desenvolvendo. Depois, para fazer publicidade, colocam placas com o nome da empresa e da variedade de milho nos campos que estejam localizados próximo de estradas. São essas placas com nomes ou códigos que podem ver ainda nos campos de milho já colhido. Não se trata de qualquer aviso obrigatório sobre tratamentos com pesticidas ou algo equivalente, é apenas publicidade.