Os figos-da-índia, também conhecidos como tabaibos, são cada vez mais vistos como um fruto promissor face à sua resistência à escassez de água. Dada à sua tolerância à seca, a WWF e a Knorr declararam-no como um dos 50 alimentos do futuro. Um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) garante que este fruto nativo da América é capaz de restaurar terras degradadas, reservando água e até aliviando a acumulação de CO2 na atmosfera, revela o El Pais.
Em Llaca Llaca, localidade do Perú, não existem fontes de água constantes e os agricultores costumam armazenar em reservatórios subterrâneos o que puderem da estação chuvosa que dura quatro meses. Desse modo, 90% dos seus 15 hectares de terra são cultivados por figos-da-índia.
“O que nos diferencia de outras comunidades é que aqui produzimos tabaibos durante todo o ano e não apenas dois meses”, diz James Bramon, que pertence à Asociación de Productores Agropecuarios de Llaca Llaca. Esta tem sido uma das principais conquistas alcançadas por esta organização com o fundo da iniciativa Sierra y Selva Alta, que foi financiada pelo governo peruano e pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD) em benefício de 40 mil famílias rurais do país.
De forma a aliviar o stresse hídrico, os produtos investiram, há cinco anos, num reservatório maior que funciona a eletricidade. Além disso, foram aconselhados pelo projeto a melhorar a qualidade do solo e a gerir pragas e parasitas como as cochonilhas (Dactylopius coccus), do qual é extraída uma cor vermelha carmesim para tingir alimentos ou cosméticos, entre outros.
Para além dos desafios climáticos e das pragas, os agricultores enfrentaram outros problemas recentemente para a produção destes frutos, como as inundações, o desalojamento por tráfico de terras e a covid-19.
Apesar disso, a procura por inovação continua. Na quarentena, a associação de Llaca Llaca aplicou o fundo Avanzar Rural, promovido pelo governo e pelo IFAD, para apostar na produção de derivados dos figos-da-índia, como gelados e compotas, assim como parra investir na sustentabilidade.
“Vamos ter uma máquina de limpeza com painéis solares, porque hoje para remover os espinhos do fruto usamos vassouras de palha que às vezes estragam a casca, o que baixa o seu preço no mercado”, revelou presidente da associação, Katiuska Flores. Os produtores querem ainda utilizar energia solar no reservatório.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.