Sem grande surpresa (quando escrevi este artigo não conhecia qualquer reacção à audição de Tiago Oliveira na comissão de agricultura da Assembleia da República), municípios e bombeiros reagiram ao facto de Tiago Oliveira, embora sem o citar, ter falado de questões à volta das relações financeiras entre os municípios e as associações de bombeiros (que teimam em falar de voluntariado quando pedem dinheiro, mas explicam que dependem do Estado central e dos municípios, para explicar a sua importância, sem que os municípios expliquem por que razão, se assim é, não têm corpos profissionais de bombeiros, como seria razoável ter) que o Tribunal de Contas tem levantado.
Uma das reacções mais divertidas é de António Pina, em nome da Associação de Municípios do Algarve, que resolve falar um bom bocado sem dizer nada de substancial, limitando-se a proclamações genéricas como “A Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) manifestou esta sexta-feira a posição conjunta em comunicado e, em declarações à agência Lusa, o presidente do organismo, António Miguel Pina, disse que o homólogo da AGIF, Tiago Oliveira, não tem condições para permanecer no cargo e mostra desconhecimento pela realidade dos territórios do interior afetados por incêndios florestais“.
Quem, desprevenido, lesse estas coisas ditas por António Pina, ficaria convencido de ser um presidente de Câmara todos os dias confrontado com a pesada realidade dos municípios do interior, por presidir a um município profundamente interior.
Mas depois de se perceber que era o presidente de câmara de Olhão a falar, todo o potencial lúdico das declarações fica evidente.
Infelizmente, a imprensa limita-se a reproduzir o que dizem pessoas, raramente se dedicando a avaliar a factualidade do que dizem essas pessoas.
O artigo foi publicado originalmente em Corta-fitas.