O Museu do Vinho de Alcobaça inaugura esta noite novas áreas de exposição, na sequência de uma requalificação de 460 mil euros que deverá ser complementada, até 2023, com uma segunda fase orçada em dois milhões de euros.
A primeira fase da requalificação “incidiu essencialmente em dois edifícios”, explicou à agência Lusa o Coordenador Técnico e Científico do Museu do Vinho de Alcobaça, Alberto Guerreiro.
A intervenção mais profunda contemplou o edifício composto pela Destilaria e pelo Armazém das Aguardentes, beneficiando a ligação entre os dois espaços e “criando um complexo museológico, que irá ter programação própria, aproveitando os quatro andares do edifício industrial”, explicou aquele responsável.
Na Adega dos Balseiros, outro dos edifícios intervencionados, foram feitas obras de melhoria estrutural, nomeadamente ao nível da cobertura, da fachada e dos acessos.
A adega manterá essencialmente a mesma configuração, mas irá beneficiar de uma renovada capacidade de acolhimento de eventos e exposições, que eram já as principais utilizações daquele espaço.
A obra, orçada em 460 mil euros, foi feita ao abrigo de uma candidatura da Câmara de Alcobaça ao Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), com o que “está já pré-contratualizada uma segunda fase da obra, no valor de dois milhões de euros”, afirmou o presidente da autarquia, Paulo Inácio (PSD).
A segunda fase da empreitada “permitirá intervir em todo o complexo, requalificando o corpo principal do museu e parte subsequentes como a zona das antigas tabernas, dos anos 40 e 50, ou a Casa da Malta, onde o pessoal dormia durante as vindimas”, explicou o autarca.
Juntando a requalificação ao “vasto acervo”, Paulo Inácio acredita que o Museu do Vinho de Alcobaça “será considerado uns dos melhores de todo o mundo”, representando a produção de vinho, “em termos regionais, nacionais e até do ultramar, e apresentando uma diversidade que poderá captar a atenção das novas gerações”.
A segunda fase da requalificação deverá ter início em 2022 e ficar concluída em 2023, estimou o presidente.
O Museu do Vinho de Alcobaça resultou do legado do vitivinicultor José Eduardo Raposo de Magalhães, que nos finais do século XIX criou a Adega do Olival Fechado, em Alcobaça.
Da adega, moderna para o seu tempo e equipada com tecnologia de ponta da época, nasceu um Museu Nacional, no séc. XX, fundado por Manuel Augusto Paixão Marques, delegado da então Junta Nacional do Vinho (JNV).
A modernização operada na década de 40 ficou marcada pela transformação do espaço de adega em depósitos industriais, verticais, de vinhos brancos e tintos e, a partir da década de 60, foram-se criando coleções de grande valor histórico e patrimonial, decorrente do encerramento de alguns dos armazéns da JNV.
O museu conta com um acervo de mais de 10.000 peças móveis, de tipologias tão diversas como: enologia; etnologia; tecnologia tradicional; arqueologia industrial; artes gráficas, plásticas e decorativas.
É apontado pela Câmara como o acervo museológico mais completo do país na temática vitivinícola.
Depois de um período de encerramento, o museu foi reaberto em 2013 pela Câmara que, em 2017, financiou a requalificação do edifício administrativo.