Moçambique quer migrar da produção agrícola de subsistência para a produção de rendimento, apesar dos desafios associados as mudanças climáticas, acesso ao financiamento e as pesquisas agrárias, disse hoje o diretor nacional de Cooperação e Investimentos.
“O principal desafio que nós temos é a questão da produção e produtividade. Nós sabemos que temos este nível muito baixo de produção e produtividade e temos também um desafio na questão das mudanças climáticas”, disse Jaime Chissico, durante o fórum de negócios Moçambique – Brasil, em Maputo.
Segundo o responsável, com a nova época chuvosa 2025/2026, que se iniciou em outubro, Moçambique debate-se também com problemas associados as infraestruturas, além do “grande desafio” na pesquisa agrária.
“Temos que produzir comida de forma a garantir renda para os produtores, mas acima de tudo fazer a substituição das importações”, defendeu, adiantando que já foi definida uma cadeia de valores do setor da agricultura com base na balança comercial e nas condições climáticas do país.
“Por isso definimos o milho como uma das principais cadeias de valor. Temos também a componente da avicultura”, explicou Jaime Chissico assinalando ainda a aposta do setor na soja, leguminosas, hortícolas e as carnes vermelhas.
Chissico defendeu ainda a aposta em tecnologias que produzam sementes de qualidade e com alto potencial para aumentar a produção agrícola, “melhorar a questão do controlo de pragas e doenças e olhar para estas questões de biossegurança”, reiterando a necessidade de melhorar também o sistema de irrigação, modernizar a agricultura e definir o papel dos atores.
Moçambique também quer aproveitar o potencial das cooperativas para a criação e fortalecimento de blocos produtivos nacionais, facilitando assim a assistência técnica e gerando um setor agrícola independente.
Jaime Chissico lembrou que as autoridades moçambicanas estão agora em processo de criação de linhas de crédito próprios para o setor da agricultura.
Sobre a cooperação com o Brasil, a fonte manifestou interesse em estreitar relações para a formação de investigadores e técnicos, além da “troca de resultados de pesquisas”.
“Nós sabemos que o Brasil está avançado na questão do melhoramento genético para novas variedades [de sementes] e variedades fáceis de adaptar-se a quaisquer condições”, explicou, assinalando também a intenção de cooperar no setor pecuário, para o melhoramento do Gado através da transferência de embriões, além da construção de laboratórios.
O Governo brasileiro assumiu o objetivo de uma cooperação bilateral mais profunda e diversificada que, diz, ainda não é correspondida pelas relações económicas, apesar das trocas entre os dois países terem aumentado.
O volume de negócios entre Moçambique e Brasil ultrapassou 100 milhões de dólares (87,6 milhões de euros) em 2024, avançou hoje a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que considera as trocas comerciais ainda insuficientes.
De acordo com os dados do Banco Central do Brasil, de 2023, Moçambique estava no 71.º lugar na lista de investimentos brasileiros no exterior, com apenas 15 milhões de dólares (13,03 milhões de euros).
O sector agrário em Moçambique foi impulsionado por um investimento significativo de cerca de 1,1 mil milhões de dólares (952,9 milhões de euros) nos últimos cinco anos, segundo dados oficiais.













































