O governo do México proibiu o uso, produção, comercialização e importação de 35 pesticidas, numa medida destinada a proteger a saúde humana e o ambiente, e a promover práticas agrícolas mais sustentáveis.
A decisão foi anunciada pela presidente Claudia Sheinbaum, que sublinhou tratar-se de um compromisso já assumido em março. Segundo a responsável política, o objetivo é retirar do mercado substâncias ainda em circulação no país, apesar de já estarem proibidas em várias nações devido aos seus efeitos nocivos.
O ministro da Agricultura, Julio Berdegué, explicou que os pesticidas agora proibidos constam de convenções internacionais como Basileia, Estocolmo e Roterdão e enfatiza que “o objetivo é estabelecer regulamentações muito mais rigorosas porque estes produtos não podem ser usados como se fossem aspirina”.
E continua: “este esforço faz parte de uma estratégia mais ampla para alcançar uma agricultura mais limpa, sustentável e segura para produtores e consumidores”.
O ministro da agricultura mexicano destacou ainda que esta é a primeira medida desta dimensão desde 1991, altura em que apenas 21 ingredientes ativos tinham sido abrangidos. Adiantou ainda que vai ser publicada uma segunda lista de pesticidas em 2026 e uma terceira em 2027.
A decisão foi saudada pela FAO, que escreveu nas redes sociais: “Felicitamos a presidente Claudia Sheinbaum e o ministro Julio Berdegué pelo decreto que proíbe 35 pesticidas de alto risco. Há 34 anos que o México não adotava uma medida desta escala. É um passo fundamental para uma agricultura sustentável e segura”.
Por outro lado, a Red de Acción sobre Plaguicidas y Alternativas en México (RAPAM) considerou a medida insuficiente. A organização alertou que a lista abrange sobretudo substâncias antigas, deixando de fora mais de 200 produtos já excluídos noutros países, incluindo o clorpirifós-etílico, classificado como neurotóxico infantil.
O grupo também criticou a manutenção do uso de fipronil e neonicotinóides, associados à elevada mortalidade de abelhas, bem como do herbicida paraquato, relacionado com a doença de Parkinson e já proibido em 72 países.
Segundo a RAPAM, o ritmo lento na eliminação de agroquímicos perigosos deve-se à pressão da indústria dos pesticidas, que procura evitar perdas económicas e potenciais batalhas legais. A organização apelou ao ministro da agricultura mexicano para que envolva organizações rurais e de agricultores na elaboração das próximas listas de substâncias proibidas.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.