O Presidente brasileiro anunciou hoje que, dentro de duas ou três semanas, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) vai enviar à União Europeia (UE) a sua resposta sobre o acordo comercial, relativamente ao qual está “muito otimista”.
“Fizemos a resposta brasileira e essa resposta brasileira está a ser discutida com os quatro países [do Mercosul – Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai] e depois vamos daqui as duas semanas ou três semanas entregar definitivamente a proposta para a União Europeia”, declarou Lula da Silva.
Em entrevista à imprensa internacional em Bruxelas, incluindo a agência Lusa, no final de ter participado numa cimeira de dois dias da União Europeia com a América Latina e Caraíbas, o chefe de Estado brasileiro indicou que “havia muito tempo” que os dois blocos regionais “estavam afastados”.
“Nós estamos há 22 anos para concluir o acordo do Mercosul e a UE […] porque não havia muito interesse” comunitário, justificou.
Mas, de acordo com Lula da Silva, desta vez será diferente: “Estou muito otimista e, pela primeira vez, eu estou otimista de que vamos concluir esse acordo ainda este ano”.
“Seria muito bom que nós pudéssemos ter nesse acordo na presidência da Espanha” da UE, até final de dezembro, e fazer agora “o que não foi possível fazer em 2010, […] também na minha presidência no Mercosul”, adiantou.
A UE está então agora à espera da resposta do Mercosul ao documento complementar proposto pelo bloco comunitário.
Ainda assim, Lula da Silva frisou ser necessário “ter em conta que o problema da dificuldade não é só por conta dos países da América Latina”, até porque França por exemplo é, a seu ver, “muito ciosa da proteção dos seus produtos agrícolas, da sua pequena e média agricultura, do seu frango, da sua verdura, do seu queijo, do seu leite e do seu vinho”.
“Nós temos o direito a defender o nosso” património, salientou, concluindo que essa é a “riqueza da negociação”, relativamente ao qual são necessários compromissos e para os quais “o Brasil está preparado”.
A posição surge depois de, na segunda-feira, o Presidente brasileiro ter defendido, no arranque da cimeira da União Europeia com a América Latina, um acordo UE-Mercosul “baseado na confiança mútua” e não “em ameaças”, argumentando que as exigências ambientais europeias são “desculpa para o protecionismo”.
Dentro da UE, países como França e Áustria contestam o acordo da UE-Mercosul – formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai -, por razões comerciais e ambientais.
A atual presidência espanhola da UE espera que esta cimeira tenha sido um ponto de partida, em termos diplomáticos, para desenvolvimentos na conclusão do acordo UE-Mercosul, que abrange 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.
Essa é também a ambição de Lula da Silva, que afirmou na segunda-feira esperar que a UE e o Mercosul finalizem este ano o acordo comercial, para “abrir horizontes” aos blocos regionais, pedindo “um sinal” do compromisso.
Bruxelas acolheu no início desta semana a primeira cimeira em oito anos da UE com os países da CELAC, que contou com mais de 50 líderes, entre os quais Lula da Silva e o primeiro-ministro português, António Costa.
Esta que foi a terceira cimeira da UE com a CELAC, oito depois da reunião de 2015, foca-se no reforço da parceria entre as duas regiões para as preparar para novos desafios.