O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje que tem de haver “uma solidariedade estratégica” em matéria de prevenção dos fogos florestais, que envolva Governo e oposição e todos os portugueses.
O chefe de Estado falava no final de uma reunião do Conselho de Ministros dedicada ao tema das florestas, à qual presidiu, a convite do primeiro-ministro, António Costa, para assinalar o fim do seu primeiro mandato como Presidente da República.
“Em matéria – que era o grande tema deste Conselho – da estratégia no domínio não só dos fogos florestais, mas ordenamento do território, do ordenamento florestal, é fundamental para o país que haja uma solidariedade estratégica”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, com António Costa ao seu lado, em Monsanto, Lisboa.
O Presidente da República defendeu que esta “é uma matéria de interesse nacional, que envolve todos, independentemente das posições que tenham no Governo ou na oposição, que envolve todos os portugueses, independentemente do lugar onde vivam, no país metropolitano, no país urbano ou no país rural, por todo o país”.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, na reunião de hoje foram abordados “como pontos prévios” a pandemia de covid-19 e a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.
Relativamente às florestas, disse que “foram aprovados vários diplomas, mas sobretudo foi debatida e foi apreciada aquilo que é uma estratégia nacional, que visa prevenir, muito mais do que combater os fogos florestais, e intervir naquilo que é decisivo para que haja ou não fogos florestais”.
O chefe de Estado referia-se à “estratégia de longo prazo que arrancou em 2017, 2018, que visa 2030, mas continua para além de 2030”.
O Presidente da República recordou que ao longo dos tempos “o flagelo dos incêndios florestais periodicamente fustigou milhares de portugueses” e evocou em particular a “tragédia de 2017”, em que mais de cem pessoas morreram em consequência dos fogos em Portugal.
No dia em que passam 20 anos do colapso da Ponte Hintze Ribeiro, sobre o rio Douro, Marcelo Rebelo de Sousa recordou também a “tragédia de Entre-os-Rios”, que causou a morte de 59 pessoas.
“Não há nada como prevenir para não ter de remediar”, declarou, em seguida.
Segundo o Presidente da República, hoje “os portugueses percebem bem como é importante estar em curso esta estratégia de longo prazo” para combate e prevenção dos incêndios.
Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito Presidente da República nas eleições presidenciais de 24 de janeiro passado, com 60,67% dos votos expressos, e iniciará o seu segundo mandato de cinco anos na próxima terça-feira, 09 de março.
Há cinco anos, António Costa convidou igualmente o então Presidente da República, Cavaco Silva, em fim de mandato, para presidir a uma reunião do Conselho de Ministros, que se realizou seis dias antes de Marcelo Rebelo de Sousa lhe suceder nas funções de chefe de Estado.
A reunião de hoje do Conselho de Ministros durou cerca de quatro horas. No final, o Presidente da República e o primeiro-ministro fizeram cada um uma intervenção perante a comunicação social, após as quais não responderam a perguntas.
Na sua declaração, o chefe de Estado agradeceu ao primeiro-ministro “o convite para esta presidência do Conselho de Ministros, imediatamente antes do termo do mandato ainda em curso”, considerando que António Costa iniciou com Cavaco Silva “uma boa tradição, por uma questão de cortesia e por uma questão de solidariedade institucional”.
“No caso do grande tema tratado hoje, mas também dos outros pontos tratados como pontos prévios, uma solidariedade que é institucional, mas também é estratégica”, acrescentou.