A vespa-das-galhas-do-castanheiro (VGC) Dryocosmus kuriphilus Yasumatsu foi acidentalmente introduzida na Madeira, provavelmente através de material vegetativo infestado proveniente de Portugal Continental, entre 2010 e 2013, tendo sido detetada em 2014.
Após as prospeções iniciais para avaliação da dispersão e impacto da praga, foi efetuado um estudo de impacto ambiental, obrigatório para a autorização de importação e libertação do parasitoide exótico Torymus sinensis Kamijo nos soutos afetados.
As primeiras largadas deste parasitoide aconteceram na primavera de 2017, seguindo-se largadas anuais adicionais, no período de 2017 a 2021. No total foram efetuadas 260 largadas com quase 50 000 parasitoides, 63% fêmeas e 37% machos. Os concelhos intervencionados foram, por ordem de importância, Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Calheta, São Vicente e Funchal.
A prospeção de parasitoides nativos, através da colheita de galhas e observação no laboratório, iniciou-se em 2016 e também serviu para monitorizar as épocas de eclosão e atividade da VGC, e das de T. sinensis a partir de 2017. As eclosões do parasitoide no laboratório, entre 2018 e 2021, mostram um padrão com início em novembro, atingindo um pico em março na primavera seguinte, após o qual se verifica um decréscimo contínuo, quase até desaparecer após abril, com algumas raras eclosões em maio e junho em anos recentes. Uma análise anual das referidas eclosões neste mesmo período mostrou que o número de T. sinensis emergidos diminuiu de 2018 para 2021 devido ao menor número de galhas colhidas dados os constrangimentos provocados pela pandemia de Covid-19. No entanto, apesar de apenas se terem colhido menos de 373 galhas em 2021, verificou-se um grande acréscimo de eclosões de T. sinensis, dez vezes superior ao verificado em 2020.
Este facto pode ser indicativo de que o parasitoide está a começar a revelar todo o seu potencial biológico e a adaptar-se efetivamente às condições de campo na Madeira (Fig. 1). Este potencial é revelado pela taxa de parasitismo, cujos valores mostram um aumento generalizado entre 2017 e 2020, em particular nas zonas onde foi possível uma colheita mais intensa de galhas, como no sítio do Pinheiro, na Serra de Água, onde o valor da taxa de parasitismo aumentou de 1,9% em 2018 para 56,6% em 2020.
Os autores do presente artigo acabaram de publicar, na revista Entomologist´s Monthly Magazine, um trabalho que descreve em pormenor todas as atividades e resultados acima mencionados, assim como listam todos os parasitoides nativos da VGC, eclodidos em laboratório. O resumo do trabalho pode ser acedido através da ligação https://www.researchgate.net/publication/362412575, embora o texto completo terá de ser solicitado aos autores, pois não é público por motivos de direitos de autor.
Artigo publicado originalmente em DICAs.