O lucro do grupo RAR, dono da Colep e Vitacress, subiu para perto de 16,5 milhões de euros, em 2022 face a 2021, tendo o volume de negócios aumentado 28% para 995,8 milhões de euros, foi hoje anunciado.
De acordo com o relatório e contas do ano passado, hoje divulgado, o resultado líquido do exercício cresceu 1,7% para 16,493 milhões de euros (16,211 milhões de euros em 2021), enquanto o resultado antes de impostos, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) ascendeu a 72 milhões de euros, mais 3% do que em 2021.
“Os vários negócios do grupo RAR seguiram a estratégia de tentar incorporar no preço de venda o aumento generalizado do preço das matérias-primas e da energia, pelo que o principal impacto da inflação se traduziu num aumento expressivo do volume de negócios, com relativa estabilidade do EBITDA e dos resultados líquidos”, avançou fonte do Conselho de Administração do grupo à agência Lusa.
Relativamente à exposição do grupo RAR ao mercado russo, a fonte, num esclarecimento enviado a questões colocadas pela Lusa, referiu que “é residual”.
“Não temos negócios nessa geografia e apenas fazemos exportações muito pontuais e sem qualquer materialidade para sucursais de multinacionais europeias”, explicou.
Em 2022, as exportações representaram “perto de 60%” do volume de negócios consolidado do grupo, destacando o Conselho de Administração, “pela sua dimensão, o desempenho positivo da Colep Packaging e da Colep Consumer Products, que têm mostrado ser bastante resilientes”.
Apesar da volatilidade prevista para este ano, o presidente do grupo RAR, Nuno Macedo Silva, citado num comunicado, assume-se “otimista” no que diz respeito ao desenvolvimento dos negócios da RAR, sublinhando que boa parte da dívida do grupo está contratada com taxa fixa, o que permite “mitigar parcialmente o impacto da forte subida das taxas de juro”.
Analisando o desempenho das várias empresas do grupo, verifica-se que a Colep Consumer Products Portugal – constituída em 01 de julho de 2021 a partir da cisão da Colep e “focada na inovação de produto nas categorias de ‘cosmética’ e ‘cuidado pessoal’” – aumentou a faturação de 221,6 milhões de euros em 2021 para 283,4 milhões de euros em 2022, “devido ao aumento de atividade e ao reflexo nos preços da subida das matérias-primas”.
“A gestão eficaz dos custos operacionais permitiu que o EBITBA passasse de 21,9 milhões de euros em 2021 para 27,3 milhões de euros em 2022”, detalha o comunicado, segundo o qual “a forte presença na Europa, Brasil e América do Norte, bem como a diversificação alcançada através da ‘ACOA – The Alliance of Colep and One Asia’, deverá conduzir a Colep Consumer Products – que conta atualmente com 1.188 colaboradores – a um crescimento sustentado nos próximos anos, quer no seu volume de negócios, quer nos seus resultados”.
Já a Colep Packaging Portugal, a outra empresa resultante da cisão da Colep, com 668 colaboradores e um ‘player’ europeu na indústria de embalagens, viu o volume de negócios crescer de 119,2 milhões para 148,8 milhões de euros, “essencialmente como resultado do efeito do aumento de preço das matérias-primas”.
O EBITDA foi de 38,1 milhões de euros, mas o grupo RAR ressalva que, por incluir algumas componentes extraordinárias e não recorrentes, não é comparável com os 26,9 milhões de euros de 2021.
Quanto à Vitacress (que atua no mercado dos produtos frescos, com foco em saladas e ervas aromáticas ‘prontas a comer’ em Portugal, Alemanha, Bélgica, Espanha, Países Baixos e Reino Unido e tem 1.652 colaboradores), apresentou vendas de 182,6 milhões de euros em 2022, face a 172,1 milhões de euros no ano anterior, mas viu o EBITDA recuar de 17,5 milhões para 1,9 milhões de euros.
Segundo a RAR, “os custos pontuais necessários para manter o elevado nível de serviço e qualidade no negócio das saladas e mitigar os efeitos dos atrasos na construção e entrada em funcionamento das novas instalações, devido às restrições da covid-19, justificam esta alteração na rentabilidade do negócio”, mas “à medida que o nível de eficiência for aumentando, ao longo de 2023, prevê-se que volte ao seu nível normal de rentabilidade”.
Quanto à RAR Açúcar, desde 1962 dedicada à refinação e comercialização de açúcar e com perto de 160 colaboradores, viu o exercício dificultado pelo “brutal aumento do custo dos seus fatores de produção, nomeadamente o custo da energia e da matéria-prima”.
Ainda assim, as vendas aumentaram para 104,9 milhões de euros, contra 76,1 milhões de euros em 2021, e o EBITDA foi de 1,9 milhões de euros, face a 88,4 mil euros em 2021.
No que se refere à Acembex – empresa de comércio internacional de matérias-primas para a indústria agroalimentar – movimentou em 2022 cerca de 800 mil toneladas e manteve uma quota de 22% do mercado nacional, reclamando o estatuto de”maior importador de cereais e coprodutos do país”.
As suas vendas aumentaram para 269,3 milhões de euros (188 milhões em 2021) e o EBITDA foi de 1,1 milhões de euros (897 mil euros no ano anterior).
Já a RAR Imobiliária, com atividade direcionada para o segmento alto do mercado habitacional, reporta um ano de 2022 “muito positivo, apesar da volatilidade dos custos de construção e da escassez de mão de obra”.
A empresa tem projetos em curso no Porto, Algés e Vila do Conde e aumentou as vendas para 18,5 milhões de euros, realizando um EBITDA de 3,9 milhões.
O grupo RAR integra um portefólio de negócios que vai das áreas de embalagem, bens de consumo, alimentar, imobiliária e serviços, empregando um total de 3.750 colaboradores e tendo presença em Portugal, Alemanha, Brasil, Espanha, México, Países Baixos, Polónia e Reino Unido.