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Leite…O Alimento Maldito Possuído Pelo Demónio (Ou Não)

por João Júlio Cerqueira
25-06-2017 | 00:00
em Últimas, Blogs
Tempo De Leitura: 20 mins
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Falar mal do leite está na moda. Considerado no passado um dos alimentos mais completos em termos nutricionais, hoje uma grande maioria das pessoas foge do leite como o diabo da cruz. Chamam-lhe veneno, dizem que provoca inúmeras doenças e não deve ser consumido nem na idade adulta e – alguns “profissionais de saúde” – referem que não deve ser consumido nem por crianças.

Porque é que isto aconteceu? O leite faz mesmo mal?

Primeiro, é preciso compreender que existe uma grande proporção da população que não tolera mesmo o consumo do leite. Ou porque são intolerantes ao leite por ausência da enzima lactase ou porque têm mesmo alergia às proteínas do leite, em particular à caseína. Nestes dois casos, o consumo não estará recomendado e sugerem-se alternativas…parece-me razoável.

No entanto, a partir daqui as coisas ficam cinzentas. Há vários “profissionais de saúde” que desaconselham o consumo do leite – como o Dr. Lair Ribeiro e o nosso amigo Pinto Coelho, que introduz neste tema “o intestino poroso” – referindo que o leite aumenta o risco de sofrer de diferentes patologias…

Não iremos falar do componente nutricional do leite nem de mecanismos patofisiológicos, reais ou inventados. Não entraremos no típico debate do cálcio do leite não é absorvido, tem hormonas e toxinas, etc…esse é o discurso do medo. Iremos falar das vantagens e desvantagens para a saúde de quem consome leite, que é o mais importante.

O Leite e o Cancro

Uma das doenças atribuídas ao leite é o aumento do risco de cancro. É possivelmente a doença que mais receio provoca na população em geral. Sendo assim vamos ver o que diz a evidência sobre o leite neste tipo de doenças.

O consumo do leite não tem qualquer efeito no aumento do risco de cancro do ovário, cancro do pulmão e cancro do pâncreas. Nos linfomas não-Hodgkin os estudos de melhor qualidade também não encontram relação entre o consumo de leite e o aumento de risco de linfoma.

Parece existir um efeito protetor do leite em alguns cancros, nomeadamente no cancro coloretal, cancro da mama, cancro da bexiga e no cancro do gástrico/estômago.

No entanto há referência ao aumento do risco de cancro da próstata. Este risco parece ser real e foi confirmado em diferentes estudos.

Um estudo que avaliou a mortalidade por cancro, na globalidade, conclui que o consumo de lacticínios em alta dose não tem impacto na mortalidade. Em baixa dose o consumo de lacticínios parece mesmo diminuir a mortalidade por cancro. O leite, avaliado de forma isolada, não apresenta aumento de mortalidade por cancro. Mais uma vez, este estudo alerta para a relação entre o leite e o aumento do risco de cancro da próstata.

“Com base nos resultados acima, confirmamos que a ingestão total de produtos lácteos não foi associado ao aumento do risco de mortalidade por cancro em ambos os sexos, mas a baixa ingestão total de produtos lácteos reduziu o risco relativo com base nas análises dose-resposta. No entanto, a ingestão de leite nos homens contribuiu para o risco elevado de mortalidade por cancro da próstata. Além disso, a relação dose-resposta linear existiu entre o aumento da ingestão de leite e o risco de mortalidade por cancro da próstata.”

Concluí-se assim que na globalidade o consumo de leite terá mais vantagens do que desvantagens relativamente ao risco de ter cancro. No entanto, o aumento do risco de cancro da próstata existe e ainda se estuda o porquê desta relação.

O Leite e a Obesidade

Outro problema que preocupa a maioria da população é a linha…e o consumo de leite e outros lacticínios parecem reduzir o risco de obesidade, tanto em adultos como em em crianças. Por cada 200g/dia de consumo de leite há uma diminuição de 16% do risco de obesidade:

“Dezessete estudos avaliaram os produtos lácteos e 16 estudos avaliaram o leite em relação ao risco de obesidade. A ingestão mais alta de produtos lácteos versus a categoria de menor consumo total apresentou um risco diminuído de obesidade tanto em crianças [OR agrupado = 0,54 (0,38-0,77)]  e nos adultos [OR agrupado = 0,75 (0,69-0,81)] . O consumo de leite também foi associado à diminuição do risco de obesidade [OR agrupado = 0,81 (0,75- 0,88)] tanto em crianças [OR agrupado = 0,87 (0,80-0,95)] como em adultos [OR agrupado = 0,77 (0,68-0,87)]. Uma relação linear entre o consumo de leite e o risco da obesidade sugere que o risco de obesidade diminui em 16% [OR agrupado = 0,84 (0,77 -0,92)] por cada incremento de 200 g/d de consumo de leite. “

E claro, nas crianças com predisposição à obesidade o consumo de leite parece ser uma boa alternativa ao consumo de sumos e refrigerantes (sendo que quase tudo é uma melhor alternativa aos refrigerantes):

“A substituição de 100 g/d de bebidas açucaradas por 100 g/d de leite está inversamente associada com o peso (β = -0,16 kg; P = 0,045) e o Índice de Massa Corporal (β = -0,07 unidades; P=0·04). Os resultados deste estudo sugerem que o consumo de bebidas açucaradas foi associado ao ganho de peso corporal em crianças com alta predisposição para excesso de peso no futuro. Em consonância com as recomendações atuais as bebidas açucaradas, tenham elas açúcar natural ou adicionado, devem ser desencorajadas para ajudar a prevenir a obesidade infantil. O leite pode ser uma boa alternativa às bebidas açucaradas no que diz respeito ao controlo de peso entre as crianças jovens com predisposição à obesidade. “

Outro estudo que seguiu 46.011 crianças e adolescentes durante uma média de 3 anos confirma que a obesidade infantil está inversamente relacionada com o consumo de lacticínios:

“Dez estudos compreendendo 46.011 crianças e adolescentes com uma média de 3 anos de acompanhamento foram incluídos. Em comparação com aqueles que estavam no grupo mais baixo de consumo de produtos lácteos, as crianças no grupo de maior ingestão tinha 38% menor probabilidade de ter excesso de peso/obesidade na infância(OR = 0,62; IC95%: 0,49 a 0,80). Com cada aumento de 1 porção/dia no consumo de produtos lácteos, o percentual de gordura corporal foi reduzido em 0,65% (β = 0,65; IC95%: -1,35, 0,06; P = 0,07), e o risco de excesso de peso/obesidade foi 13% menor (OR = 0,87; IC95%: 0,74 a 0,98). “

Estes resultados são relativos ao risco de ficar obeso. No caso de pessoas já obesas, os resultados são inconclusivos, com um espectro que vai desde não ajudar a perder peso ou levar a uma perda ligeira de peso.  No entanto, o consumo de lacticínios poderá ajudar à conservação de “massa magra” em detrimento da “massa gorda” em pessoas que estão a tentar emagrecer.

Conclui-se que o leite e os lacticínios, de uma forma global, parecem ser uma boa alternativa dietética relativamente a outro tipo de produtos que habitualmente consumimos.

Leite e Doenças Cardiovasculares

Uma revisão sistemática recente refere a existência de um perfil favorável entre o consumo do leite e o risco de doenças cardiovasculares e outras patologias relacionadas. O perfil vai de neutro a positivo no que diz respeito à Hipertensão, Síndrome Metabólica, risco de AVC, Doença Coronária Aguda e Diabetes tipo II:

“Evidências de alta qualidade suportam a existência de associações favoráveis ​​entre o consumo total de produtos lácteos e o risco de hipertensão e entre a ingestão de laticínios e iogurte com baixo teor de gordura e o risco de diabetes tipo 2.  Evidência de qualidade moderada sugere associações favoráveis ​​entre a ingestão de laticínios na sua globalidade, laticínios com baixo teor de gordura, queijo e laticínios fermentados e o risco de acidente vascular cerebral; sugerem também associação favorável entre o consumo de laticínios e leite com baixo teor de gordura e o risco de hipertensão; entre o consumo de laticínios e leite com o risco de síndrome metabólico; entre a ingestão de laticínios e queijo com o risco de diabetes tipo 2.

Evidências de alta a moderada qualidade apoiam associações neutras entre o consumo total de laticínios, queijos e iogurtes com o risco de doenças cardiovasculares; entre o consumo de qualquer tipo de laticínios, exceto laticínios fermentados e doença arterial coronária; entre o consumo regular de laticínios com alto teor de gordura, leite e iogurtes e o risco de acidente vascular cerebral; entre o consumo de laticínios com alto teor de gordura, queijo, iogurte e produtos lácteos fermentados com o risco de hipertensão; e entre o consumo de produtos lácteos com alto teor de gordura, leite e laticínios fermentados e risco de diabetes tipo 2.

Os dados desta revisão sistemática indicam que o consumo de várias formas de produtos lácteos apresentam associações favoráveis ​​ou neutras com desfechos clínicos relacionados com o sistema cardiovascular. A revisão também enfatiza que mais investigação é necessária para comparar o impacto de produtos lácteos com baixo teor de gordura e os produtos normais ou com alto teor de gordura nos desfechos clínicos relacionados com as doenças cardiovasculares, tendo em consideração as recomendações atuais para consumir laticínios com baixo teor de gordura.”

Mesmo nos idosos, todos os lacticínios parecem ter um impacto positivo na síndrome metabólica, com um Hazard Ratio de 0,72 (IC95% = 0,61 a 0,86) para laticínios com baixo teor de gordura, 0,73 (IC95% = 0,62 a 0,86) para iogurte desnatado,  0,78 (IC95% = 0,66, 0,92) para iogurte integral e 0,80 (IC95% = 0,67 a 0,95) para leite desnatado quando é comparado o grupo de consumo mais alto com o grupo de consumo inferior. De forma contrária, o consumo de queijo está aumentado ao risco de síndrome metabólica, com HR = 1.31 (IC95% = 1.10, 1.56).

Leite e Osteoporose

Este problema também tem sido levantado de forma recorrente. Apesar do leite ser rico em cálcio, que supostamente faz bem aos ossos, tem sido comum referirem que o leite aumenta o risco de osteoporose.

Uma revisão sobre este tema, publicada em Maio de 2017, apresenta resultados inconclusivos:

“Por um lado, estudos experimentais utilizando marcadores indiretos (por exemplo, marcadores de remodelação óssea e densidade mineral óssea [DMO]) geralmente indicam a existência de benefícios com o consumo de leite de vaca.

Por outro lado, os resultados dos estudos epidemiológicos são inconsistentes. Em todas as faixas etárias, incluindo crianças e mulheres na pós-menopausa, o consumo de leite de vaca, suplementos de leite em pó ou proteína whey está associado a uma renovação óssea mais lenta e valores de DMO inalterados ou mais altos. Esses benefícios são particularmente marcantes em populações onde a deficiência de cálcio é prevalente, por exemplo, em países asiáticos. Nenhum estudo experimental abordou o risco de fratura associado ao consumo de leite de vaca. Os únicos dados disponíveis provêm de estudos observacionais epidemiológicos, cujos resultados são contraditórios, com risco de fratura menor em alguns casos e sem diferença ou risco aumentado noutros. (…) Até o momento, não há evidências conclusivas de que devemos modificar as recomendações relativamente ao consumo de leite de vaca. “

Portanto, os estudos experimentais – que não têm grande interesse – mostram-se favoráveis ao consumo de leite. No entanto, os estudos epidemiológicos, que são estudos de qualidade média, são contraditórios. Em todas as faixas etárias, parece existir um benefício do consumo de leite, principalmente em países com populações que apresentam défice de cálcio, no que diz respeito à densidade mineral óssea. No entanto, nos estudos que avaliam o risco de fratura e a sua relação com o consumo de leite, há de tudo…estudos que demonstram melhoria, outros neutros e estudos que demonstram um agravamento do risco de fratura.

A avaliação do risco de fratura é o resultado mais importante quando nos debruçamos sobre a osteoporose. E para já, não podemos aferir se o leite é um fator protetor ou prejudicial, principalmente na idade adulta. Sabe-se que o magnésio parece ter um papel muito importante no desenvolvimento ósseo das crianças, principalmente quando não existe défice de cálcio. Sendo o leite um alimento rico em magnésio e cálcio, será importante manter o seu consumo principalmente nesta faixa etária para um bom desenvolvimento ósseo.

Leite e Doenças Auto-Imunes

Sabe-se que no caso da diabetes tipo I, a amamentação materna superior a 4-12 meses é um fator protetor ao desenvolvimento desta patologia. Quando se introduz leite de vaca ou suplementos de leite de forma precoce, esse risco aumenta.

Nas restantes doenças auto-imunes, não existem estudos de qualidade que avaliem essa relação (se por acaso encontrarem, coloquem nos comentários).

No entanto, Dr. Pinto Coelho aproveitou para fazer o habitual...introduz o “intestino poroso” neste tema:

“O leite contém uma proteína chamada caseína que não faz nada mais nada menos do que “esburacar” o nosso intestino (poroso). O que acontece depois disso, é que começa a “destruir” as paredes do intestino e passa para o sangue o que é uma coisa inacreditável. O sangue é para ter plaquetas e glóbulos e não “substâncias alimentares”. E tudo isso desencadeia as doenças auto-imunes”, explica.

Manuel defende que os lacticínios não fazem falta às pessoas, antes pelo contrário…

Somos o único animal que bebe leite de outros animais. Alguma vez viu alguma vaca a beber leite de outro animal? Claro que não”, afirma.”

Eu também nunca vi uma vaca a voar ou a conduzir um carro, nem a usar o smartphone para navegar no Facebook, ou a fazer uma churrascada com as amigas (somos o único animal que cozinha alimentos! Só pode ser mau!).

Eventualmente iremos falar desta “síndrome” que é o intestino poroso…para já, quem quiser pode ler mais aqui. Mas como podem ver, é uma coisa inacreditável…inacreditável! Portanto é bom que não acreditem.

Leite, Asma e outras Alergias

Quanto às alergias em geral, já sabemos que o leite materno tem efeitos protetores.

Verifica-se que em famílias de risco alérgico – em que existe um componente genético importante no surgimento destas doenças – a utilização de leite hidrolizado parece diminuir o risco de dermatite atópica nos recém-nascidos que necessitam de substitutos de leite materno, em comparação com o leite de vaca:

“Ao nascimento, as crianças foram aleatoriamente escolhidas para fazer, durante os primeiros 4 meses, uma das 4 fórmulas como substituto do leite materno, se necessário: fórmula de soro parcialmente hidrolisada (pHF-W), fórmula de soro amplamente hidrolisada (eHF-W), fórmula de caseína extensivamente hidrolisada (eHF-C) ou fórmula padrão de leite de vaca. Os resultados avaliados foram as doenças alérgicas diagnosticadas por pais ou por médicos.

O risco relativo para a incidência cumulativa de qualquer doença alérgica na análise por intenção de tratar (n = 2252) foi de 0,87 (IC95% 0,77 a 0,99) para pHF-W, 0,94 (IC95% 0,83 a 1,07) para eHF-W e 0,83 (IC95% 0,72 a 0,95) para eHF-C em comparação com a fórmula padrão de leite de vaca. Os números correspondentes para eczema/dermatite atópica  foram 0,82 (IC95% 0,68 a 1,00), 0,91 (IC95% 0,76 a 1,10) e 0,72 (IC95%, 0,58 a 0,88), respectivamente. Na análise por protocolo (n = 988) os efeitos foram mais fortes. A prevalência de dermatite atópica aos 7 a 10 anos foi significativamente reduzida com a utilização de eHF-C nesta análise, mas não houve efeito preventivo sobre a asma ou a rinite alérgica “.

O mesmo estudo reavaliou os participantes aos 15 anos e concluiu que também se verificou uma diminuição de risco de asma, rinite alérgica e voltou a verificar-se uma diminuição do risco de dermatite atópica:

“Entre os 11 e 15 anos, a prevalência de asma foi reduzida no grupo eHF-C em comparação com leite de vaca (OR = 0,49, IC95%  0,26 a 0,89) (…) A incidência cumulativa de rinite alérgica foi menor com o eHF-C (RR = 0,77, IC95% 0,59 a 0,99) e a prevalência de rinite alérgica foi menor com o pHF-W (OR = 0,67, IC95% 0,47 a 0,95) e o eHF-C (OR = 0,59, IC95% 0,41 a 0,84).

A incidência cumulativa de dermatite atópica era menor com o pHF-W (RR = 0,75, IC95% 0,59 a 0,96) e o eHF-C (RR = 0,60, IC95% 0,46 a 0,77), assim como a prevalência de dermatite atópica entre 11 e os 15 anos com o eHF-C (OR = 0,42, IC95% 0,23 a 0,79). Nenhum efeito significativo foi encontrado no grupo eHF-W relativamente a qualquer doença.”

Convém reforçar que este estudo refere-se a crianças com alto risco alérgico e que não fizeram leite materno nos primeiros meses de vida de forma exclusiva. No entanto, fora deste padrão, em que as crianças ou os adultos consomem leite de vaca, não existe qualquer relação com o agravamento de doenças alérgicas como asma, dermatite atópica ou rinite alérgica. O consumo de lacticínios até parece melhorar os sintomas de asma nas crianças.

Adenda: Contribuição da Dra. Natacha Santos – Imunoalergologista

Evidência recente proveniente de uma meta-análise e revisão sistemática coloca em causa as vantagens da utilização do leite hidrolizado, mesmo nas crianças de alto risco alérgico:

“As atuais diretrizes de alimentação infantil na América do Norte, Austrália, Ásia e Europa recomendam o uso de fórmula hidrolisada nos primeiros 4-6 meses de vida no lugar de uma fórmula padrão de leite de vaca para a prevenção primária de doenças alérgicas na infância. Isso também foi apoiado pela Food and Drug Administration dos EUA (FDA) e por uma revisão sistemática da Cochrane. Para produzir as diretrizes sobre alimentação infantil no Reino Unido, realizamos uma revisão sistemática da fórmula hidrolisada para prevenção de sensibilização alérgica, doença alérgica ou doenças auto-imunes.

Existiam evidências de conflitos de interesse e existência de vieses altos ou não especificados na maioria dos estudos que estudaram o risco alérgico. Também foi encontrada evidência de viés de publicação para estudos de dermatite atópica e pieira. No geral, não houve evidência consistente de que fórmulas hidrolisadas seja de forma parcial ou extensa reduzam o risco de aparecimento de doenças alérgicas ou auto-imunes em bebés com alto risco de sofrer deste problema”.

Portanto, a evidência não parece suportar as guidelines atuais. A maioria dos estudos sobre o tema apresentavam conflitos de interesse. Este é um exemplo de possível “má medicina”, mas que se auto-regulou devido à confirmação de resultados e realização de novos estudos. Vamos ver se esta nova informação se confirma em próximas revisões.

Sites como o da clínica MeiHua tem vários artigos sobre os malefícios do leite, sempre muito bem fundamentados, com todas as referências bibliográficas presentes e de grande qualidade…estou a brincar 😀

Uma das frases que consta é a seguinte:

“Os lacticínios provocam mucosidades, contribuindo para problemas respiratórios e alergias de todo o tipo.”

Não há qualquer evidência que isto seja real…e para quem quiser saber mais, aconselho a leitura deste artigo.

Leite e “Artrite”

A clínica MeiHua também refere o seguinte:

 “Investigações ligam os lacticínios à formação de artrite. Num estudo com coelhos o cientista Richard Panush conseguiu “produzir” articulações inflamadas em animais apenas substituindo água por leite. Noutro estudo, cientistas observaram mais de 50% redução de dores de artrite quando os participantes eliminaram leite e lacticínios da sua dieta.”

Não sei a que tipo de artrite se refere…no entanto, um dos artigos de Richard Panush sobre este tema é de 1986. Concluiu que o leite poderá ser um agravante de artrite inflamatória.

No entanto, o leite tem sido estudado como um possível alimento para diminuição do ácido úrico em doentes com artrite gotosa.

Poderá ser importante na diminuição da dor na artrose e na progressão da mesma a nível do joelho. Mas estes resultados são pouco significativos à falta de outros estudos relevante sobre o tema.

De qualquer forma, a teoria do leite ser um alimento pró-inflamatório parece estar desmistificado. (artigo, artigo e artigo).

Não há qualquer estudo de qualidade que ligue o leite ao risco de artropatias inflamatórias (se encontrarem, coloquem nos comentários).

Leite e Autismo

O autismo é uma doença com forte componente genético associado ao seu aparecimento. No entanto, a sua incidência tem sido relacionada com tudo e mais alguma coisa, principalmente às vacinas. Quando os pais têm uma criança com autismo, é normal quererem fazer o melhor pelo seu filho(a). É normal tentarem uma série de tratamentos, mais guiados pelo lado emocional do que pela parte racional. Um desses tratamentos é a restrição alimentar, principalmente os alimentos com glúten e lacticínios.

No entanto, tanto a restrição em glúten como a restrição em lacticínios não parecem ajudar em nada estas crianças (artigo e artigo).

Tendo em consideração a relevância do tema, iremos fazer um artigo apenas dedicado ao autismo.

Leite e a Acne Vulgaris

O leite parece ter uma influência negativa na acne vulgaris. O tipo de estudos nesta área são de muito fraca qualidade, no entanto, o efeito do leite e outros produtos lácteos tem sido consistentemente negativo (artigo e artigo). Portanto, nos adolescentes com acne é aconselhada a redução do consumo de leite e outros alimentos com alto teor glicémico por forma a minorar este problema.

Concluindo

O leite é fundamental para a nossa alimentação? Não…já que nos dias de hoje existe uma grande quantidade de comida disponível e dezenas de alternativas. Quem não quiser beber leite pode fazê-lo. No entanto, como vimos, o leite tem vários benefícios para a saúde. Não é um alimento perfeito nem uma panaceia que vem em pacote de litro, mas é um muito bom alimento e demonizá-lo é simplesmente ridículo.

Portanto, se quiser beber leite, não tem problema desde que o faça com moderação, como em tudo na vida. Obviamente que se for alérgico ou intolerante, as coisas complicam-se, mas há alternativas válidas nestas situações.

Além disso, se observarmos a expressão genética dos nossos antepassados, percebemos que ser capaz de tolerar o consumo de leite era extremamente importante com impacto a nível da seleção natural. Quem tolerava o consumo de leite, tinha mais hipóteses de sobrevivência:

“Cálculos estatísticos utilizando os dados genéticos estimaram que a seleção para persistência da lactase começou recentemente, durante os últimos 10.000 anos. A persistência da lactase foi benéfica para os nossos ancestrais, fornecendo uma fonte limpa de líquidos, proteínas, gorduras e hidratos de carbono. A persistência da lactase conferiu uma vantagem seletiva de 1.5-19% em cada geração, o que indica uma forte pressão de seleção comparável aos genes de resistência à malária (2-5% para a deficiência de G6PD, 5–18% para o traço falciforme) em várias partes do mundo ”.

Esta é a evidência existente…se encontrarem “profissionais de saúde” que digam o contrário, peçam-lhes referências bibliográficas. Perguntem-lhes onde foram buscar essa informação. Sejam críticos.

Fonte: Scimed

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